«A França está horrorizada. A França chora, mas ela é forte e será sempre ainda mais forte do que os fanáticos que hoje querem acabar com ela». A frase é de François Hollande, presidente de uma nação que viveu na quinta-feira o terceiro grande ataque terrorista do último ano e meio.
São quase 250 as vítimas mortais do terrorismo islâmico desde o ataque ao Charlie Hebdo, em janeiro de 2015. Ataque que se deu pouco mais de três meses depois de Hollande decidir envolver o país na coligação internacional liderada pelos Estados Unidos que começou a bombardear as posições do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Desta vez o terror chegou no próprio Dia Nacional de França, data em que se comemora a Tomada da Bastilha. «A França foi atacada num dia simbolicamente importante para o país. A nossa resposta vai ser uma resposta fiel aos ideais da Revolução Francesa», prometeu o primeiro-ministro Manuel Valls, antes de deixar um desabafo marcante: o país «precisa de aprender a viver com o terrorismo», garante Valls. Na mesma linha, já Hollande avisara que o «inimigo vai continuar a golpear».
O Governo decretou três dias de luto nacional e no início da próxima semana o parlamento vai aprovar uma lei que «vai reforçar» o Estado de Emergência, decretado depois dos ataques de novembro em Paris, por mais três meses. Mas também garante que não irá «permitir que nada destabilize a grande democracia» francesa – uma mensagem que já havia sido dada pela organização da mediática Volta a França à bicicleta: «Não nos rendemos a quem quer destruir o nosso modo de vida», explicou a organização ao anunciar que a etapa de ontem se iria realizar.
Desta vez, ao contrário do sucedido nos dois ataques em Paris, o terrorista identificado não tinha nacionalidade francesa, apenas residência autorizada. Mas em tudo o resto Mohamed Lahouaiej-Bouhlel corresponde ao perfil do terrorista que ataca em solo francês: idade não superior a 35 anos, cadastro por crimes menores – nos outros ataques havia mesmo quem estivesse identificado por atividades terroristas – e de ascendência (neste caso nacionalidade) magrebina.
Tudo isso levava a que Manuel Valls, ao fim do dia e ainda sem reivindicação oficial por parte de algum grupo jihadista, afirmasse à imprensa que Bouhlel «de uma maneira ou de outra era um terrorista, provavelmente ligado ao radicalismo islâmico». Já passava das 20h em França quando o PM dizia em direto na France 2: «É um ato terrorista e vamos descobrir ligações a organizações terroristas».
Além dos governantes, quem não perdeu tempo a reagir foi a líder da extrema-direita, Marine Le Pen: «A guerra contra o flagelo do fundamentalismo islâmico ainda não começou e é urgente declará-la». A candidata às presidenciais de 2017 lembra que «nenhuma» das propostas apresentadas pela sua Frente Nacional foi concretizada no país – e que essa é a razão para a sucessão de ataques.