Centeno existe, uma história antiga sobre Sérgio Figueiredo

Mário Centeno existe! A esta hora está numa comissão parlamentar a responder às perguntas dos deputados sobre a Caixa Geral de Depósitos.

Mário Centeno existe! A esta hora (17:15 de 29/7) está numa comissão parlamentar a responder às perguntas dos deputados sobre a Caixa Geral de Depósitos. Eu já estava com algumas dúvidas sobre a existência de Mário Centeno, porque ele não tem falado sobre a não aplicação de sanções a financeiras a Portugal. Quem reagiu foi o ministro dos Negócios Estrangeiros, numa questão em que teria, a meu ver, ficado bem ouvir umas palavras do nosso ministro das Finanças.

Mudando de assunto, uma das agências noticiosas mais usadas pelos profissionais dos mercados financeiros é a Reuters (e a sua principal concorrente é a Bloomberg). Quando esperamos uma notícia importante, por exemplo, a taxa de inflação, que será divulgada nesse dia, às 10:00, pelo INE, o que aparece no ecrã da Reuters, às 10.00 em ponto, é a informação mais sintetizada: “INE: TAXA DE INFLAÇÃO EM JUNHO FOI DE 0,2%”. Depois disso, a notícia que está no ecrã vai sendo gradualmente complementada: ficam a saber-se que classes de produtos e serviços subiram mais ou menos, e depois, mais tarde, as reações dos analistas. Mas a hora original da notícia, as 10:00, não é alterada, mesmo com a história já desenvolvida.

Há 15 ou 20 anos, o jornalista Sérgio Figueiredo viu uma história da Reuters, com as reações dos analistas, numa história datada com o método que expliquei. Enganado por este horário, chegou à conclusão que os analistas tinham tido acesso à informação antes do público em geral, e escreveu um texto acusando os analistas e a Reuters de “inside trading” (negociar com informação que ainda não é pública). Mais tarde, a Reuters deve ter mostrado a Sérgio Figueiredo a sua maneira de datar as suas histórias, e com um pequeno texto de Sérgio Figueiredo a assunto ficou sanado. E eu, pela minha parte, fiquei descansado: de certeza que, com essa lição, Sérgio Figueiredo terá ficado imune a dar notícias precipitadas e baseadas em conclusões erradas.