Os líderes da comunidade muçulmana no norte de França estão a recusar dirigir as cerimónias fúnebres de Adel Kermiche, um dos dois responsáveis pela degolação de um padre católico na terça-feira, em Saint-Ettiene-du-Rouvray, na Normandia.
Kermiche, de 19 anos, foi morto pela Polícia, tal como o seu cúmplice, quando fugiam da igreja onde tinham feito cinco reféns antes de matar o padre Jacques Hamel, de 86 anos, cortando-lhe a garganta. Outro dos cinco reféns, apanhado na igreja à hora da missa, ficou ferido na sequência do ataque.
Cinco dias depois, o presidente de uma associação cultural muçulmana e imã numa mesquita local, Mohammed Karabila, garantiu ao “Le Parisien” que os líderes islâmicos na religião não estão na disposição de “manchar o nome do Islão com esta pessoa”. “Não vamos participar na preparação do corpo ou nas cerimónias”, garantiu o mesmo responsável falando em nome de outros imãs da região.
Apesar de jovem, Kermiche já era um conhecido das autoridades francesas. Havia em seu nome uma ‘ficha S’ – lista das autoridades francesas que agrupa suspeitos de ligação ao terrorismo islâmico – e tão recentemente como em junho foi apanhado pelas autoridades turcas a caminho da Síria. Mesmo assim, e com pulseira eletrónica com que aguardava julgamento devido à alegada filiação a um grupo terrorista, foi capaz de regressar a França e executar um ataque que acabou reivindicado pelo Estado Islâmico.
Sem contar com atos isolados, como o homicídio de um polícia e da sua mulher nas vésperas do Europeu de futebol, este foi o quarto grande ataque do Daesh a França em pouco mais de ano e meio. François Hollande reagiu dizendo que o grupo terrorista “declarou guerra a França” e que “não vai desistir enquanto não for destruído”.