“O processo da Universidade Independente está infetado pela corrupção”

Prisão de inspetor da PJ leva ex-vice-reitor da UnI a considerar  que “os corruptos são os autores” dos processos judicial e político  que levaram ao encerramento da universidade, em 2007

A Universidade Independente (UnI) fechou portas há quase nove anos. Mas o processo que levou ao encerramento da instituição continua a suscitar intervenções acaloradas por parte dos envolvidos na polémica. Rui Verde, ex-vice-reitor, tem sido uma das vozes mais inconformadas com a decisão do então ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, de assinar a sentença de morte para 31 de outubro de 2007. Agora, num post publicado no blogue que dirige, e que Rui Verde subscreve inteiramente”, diz-se que o processo da UnI “foi construído por motivos políticos e corruptos para aniquilar determinados interesses contrários aos dominantes na época: Sócrates e Angola”.

Nos anos que se seguiram ao fim da universidade, uma série de episódios relacionados com os dirigentes, com os docentes e com os ex-alunos da UnI (uns mais conhecidos que outros) foram trazendo o nome da instituição para os títulos das notícias. Desta vez, o ataque é dirigido aos responsáveis pelo processo político e judicial do encerramento. “O processo da Universidade Independente está infetado pela corrupção dos agentes do Estado e das Polícias”, lê-se no texto, numa posição que merece o aval de Rui Verde. 

As rotas da justiça O texto (publicado no blogue “Tomate Combate”, que Rui Verde dirige e onde tem colaboração permanente) surge a propósito de um outro processo judicial, a Operação Rota do Atlântico. E o que é que José Veiga e a Universidade Independente têm em comum? Não tinham nada, até esta semana.

Mas tudo mudou com a detenção de Emanuel Briosa. Na sequência de um caso totalmente alheio à UnI, o inspetor da Polícia Judiciária foi detido por colegas da própria PJ. É suspeito de, já este ano, numa busca a uma mansão na Quinta da Marinha, ter desviado, de entre um molho de sete milhões de euros em dinheiro, 200 mil euros em notas de 50. A missão foi conduzida – e é aqui que os dois processos se cruzam – no âmbito da Operação Rota do Atlântico. 

Emanuel Briosa foi o inspetor responsável por toda a investigação à UnI. “Finalmente, sabe-se agora a base moral da conduta do inspetor que conduziu o processo. Que mais desmandos terá feito ao longo da carreira?”, questiona-se o autor do texto. “São questões que subscrevo inteiramente”, refere Rui Verde ao i, ele que se cruzou com o inspetor agora detido durante o processo da Independente. “Participou nas buscas à minha casa em Santo Estevão”, recorda o antigo responsável da universidade. “Eu tinha uma grande biblioteca em casa e, quando lá cheguei, esse inspetor estava sentado a ler os meus livros. Mas nunca dei por falta de nenhum”, diz Rui Verde.

Recorde-se que foi na Universidade Independente que José Sócrates tirou a sua polémica licenciatura.