Na manhã de domingo, quando a tempestade se dissipou, os corpos das vítimas foram encontrados dentro dos carros.
Algumas tinham-se afogado depois da região de Skopje, a capital da Macedónia, ter sofrido os devastadores efeitos das chuvas torrenciais. Além das cheias, a tempestade que começou durante a tarde de sábado e se agravou com a noite, só parando de chover com o despontar do dia seguinte, provocou deslizamentos de terra. Numa altura em que estão confirmadas as mortes de 20 pessoas, entre elas uma menina de oito anos, há ainda cerca de 100 pessoas que ficaram feridas e várias dadas como desaparecidas.
Em apenas duas horas os serviços de meteorologia registaram uma precipitação de 93 litros por metro quadrado, o equivalente ao que habitualmente chove em todo o mês de agosto. O nível da água em algumas das áreas mais afetadas atingiu o metro e meio de altura. A imprensa local informou que, por toda a cidade, se registaram 65 pedidos de ambulâncias, com mais de 20 pessoas a serem hospitalizadas.
A chuva foi acompanhada de ventos fortes – até 70 km/h – e, só nas primeiras horas, foram registados mais de 800 raios.
Algumas partes do anel viário da cidade foram submergidas, e os carros arrastados para campos vizinhos.
Três aldeias a nordeste da capital ficaram com os acessos cortados, e torrentes de águas e lama não se ficaram pelas ruas mas invadiram as casas durante a noite. “Ficou tudo de pantanas. Televisões, o frigorífico, o sofá, tudo a boiar em casa. Foi um pesadelo”, disse à AFP Baze Spriovski, morador na aldeia de Singelic, uma das mais castigadas pelas cheias. Algumas das casas colapsaram e tantas outras, além de inundadas, ficaram sem eletricidade.
A polícia avançou que cerca de 70 carros tinham ficado presos num só deslizamento de terra entre as aldeias de Stajkovci e Radisani.
“É um desastre. Nunca passámos por uma coisa desta dimensão”, disse o presidente da câmara de Skopje, Kove Trajanovski, apelando à população que evite sair de casa. Entretanto, o exército foi chamado para ajudar nas operações de busca e salvamento. Há a possibilidade da situação se agravar uma vez que os serviços meteorológicos previam o regresso da chuva ao anoitecer.
A capital da pequena nação dos Balcãs tinha já sido atingida por grandes inundações em 1962, que não causaram vítimas mortais, um ano antes de um sismo que destruiu boa parte da cidade e provocou mais de mil mortos. Na Primavera de 2014, os Balcãs foram atingidos pelas piores inundações em mais de um século – 47 pessoas morreram na Sérvia e Bósnia (que com a Macedónia integraram a ex-Jugoslávia) e mais de 1,6 milhões de pessoas foram afetadas.