A batalha por Alepo, a segunda cidade da Síria, pode custar a vida a um milhão

A antiga capital económica do país está cercada pelas forças governamentais, e a população encurralada

Apesar do cessar-fogo entre algumas das partes, a batalha pela posse de Alepo está ao rubro e ameaça, segundo as Nações Unidas, os mais de milhão e meio de civis que permanecem nos escombros da antiga capital económica do país. A ONU fez um apelo para que fosse feita uma “pausa humanitária” nos combates, para permitir o envio de ajuda às populações e conseguir voltar a regularizar o fornecimento de água à cidade, cortado há mais de quatro dias, no meio de um verão com temperaturas muito altas.

Apesar destes apelos, tanto o exército de Damasco como as forças rebeldes têm concentrado recursos e homens para aquilo que parece ser uma batalha final pela cidade.

As forças de Damasco conseguiram, no passado dia 17 de julho, apoderar-se da estrada do Castelo, uma via estratégica e principal ponto de passagem de reabastecimentos para os rebeldes, situada a noroeste da cidade, onde as forças rebeldes ficaram cercadas, junto com mais de 250 mil civis que vivem nessa parte da cidade. Apesar disso, no passado sábado, uma coligação de grupos islamitas, entre os quais a Frente al Nusra, braço local da Al-Qaeda, rompeu o cerco na zona de Ramusa, cortando também a sudoeste parte das vias de reabastecimento das tropas governamentais.

Estas movimentações geraram novos ataques em toda a cidade, nomeadamente nos bairros ocidentais, onde vivem ainda 1,2 milhões de pessoas. Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ligado à oposição, as forças do regime tinham recuperado na terça a região de Ramusa, com apoio de milicianos libaneses do Hezbollah.
Segundo a Unicef, mais de 100 mil crianças estão ameaçadas com o recrudescimento dos combates na cidade.
Depois do começo da guerra civil na Síria, em março de 2011, o número de mortos é já superior a 290 mil – quem o afirma é novamente, o OSDH, com sede em Londres, mas que dispõe no terreno de uma vasta rede de informadores, nomeadamente pessoas ligadas a ONG e aos serviços de saúde. Contabiliza a organização que até 31 de julho tenham morrido 292 817 pessoas, das quais 84 472 civis, e entre os quais estariam 14 711 crianças. Dos diversos lados armados do conflito, as contas seriam as seguintes: teriam morrido do lado dos inimigos do regime 50 548 combatentes da chamada oposição moderada e 49 547 jihadistas; da parte das forças do governo de Damasco teriam perdido a vida 104 656 homens e mulheres, entre os quais 57 909 soldados.