O presidente da Câmara do Funchal aponta para danos na ordem dos 55 milhões de euros no rescaldo provisório dos violentos incêndios que atingiram o concelho no início desta semana. O primeiro-ministro, António Costa, esteve ontem na ilha para assegurar o apoio financeiro de emergência do governo da República à região autónoma. Sem se comprometer com números, enumerou cinco prioridades. E previu que o levantamento integral dos danos deverá ficar concluído no espaço de duas semanas.
Depois de uma passagem por alguns dos locais mais atingidos pelas chamas – acompanhado pelo presidente do governo regional, Miguel Albuquerque, e pelo autarca do Funchal, Paulo Cafôfo –, Costa garantiu o apoio de Lisboa ao plano de emergência de realojamento de famílias carenciadas aprovado pelos responsáveis regionais, assim como às ações de reabilitação urbana da responsabilidade do município.
Em conferência de imprensa, António Costa, na companhia de dirigentes regionais, anunciou a criação de mecanismos para apoiar a “reposição da atividade económica”, designadamente através de linhas de crédito para a área do turismo – hotelaria e restauração –, assim como para empresas afetadas pelos fogos.
O primeiro-ministro manifestou igualmente a total disponibilidade do executivo central para captar “os instrumentos de financiamento comunitários”, designadamente o chamado fundo de solidariedade europeu, para apoiar na reparação dos estragos deixados pelas chamas.
António Costa deixou ainda o compromisso de o governo da República, em associação com as autoridades da região, promover uma campanha para repor a imagem de normalidade da marca Madeira como destino turístico de eleição junto dos operadores internacionais, socorrendo-se da rede diplomática.
“A Madeira e o Porto Santo continuam a ser destinos de excelência para férias”, acentuou.
Costa adiantou ainda que competirá ao secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão coordenar, no âmbito do governo central, o trabalho de equipa entre os dois governos nas tarefas de reconstrução e que a estimativa dos prejuízos ficará concluída dentro de 15 dias.
Indicou que a região autónoma vai contar com uma intervenção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), assim como da engenharia militar, para ajudar na consolidação daquilo que se afigura mais urgente, designadamente em matéria de alojamento e apoio à reconstrução das habitações e consolidação de taludes e escarpas.
Oprimeiro-ministro fez questão de lembrar a sintonia entre os órgãos de soberania – Presidência da República e governo – perante o desastre causado pelos incêndios na ilha. Na conferência de imprensa estiveram presentes, além do presidente do município do Funchal, os homólogos da Calheta, Porto Moniz e Santa Cruz, também fustigados pelas chamas.
Lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa esteve na região no dia anterior, quarta-feira, para deixar uma mensagem de afeto e solidariedade, a que se seguiu a deslocação do poder executivo para iniciar o trabalho de recuperação que se exige.
No encontro com a imprensa, Miguel Albuquerque assegurou que os trabalhos de recuperação já se iniciaram, nomeadamente através do apoio às famílias, nomeadamente em ações de limpeza e reposição de habitações.
Os incêndios dos últimos dias na Madeira provocaram três mortos, deixaram perto de mil desalojados e destruíram cerca de 200 habitações.
Ogoverno central anunciou também ontem a aprovação, em Conselho de Ministros, de um grupo de trabalho interministerial (que integra a Agricultura, o Ambiente, a Administração Interna e a Justiça) para tratar da prevenção estrutural e lançar a reforma da floresta.