A campanha eleitoral nos Estados Unidos continua a ferro e fogo. Agora cerca de 70 republicanos vão pedir ao partido para cortar o financiamento da campanha presidencial de Donald Trump. Este pedido constará de uma carta a ser enviada na próxima semana, onde os signatários dizem que Trump, o candidato do Partido Republicano à Presidência dos EUA, «ameaça» transformar as eleições de novembro numa «vitória esmagadora» da democrata Hillary Clinton.
«Só uma mudança imediata de todos os recursos disponíveis do Comité Nacional Republicano para [apoiar] lugares vulneráveis do Senado e da Câmara dos Representantes evitará que [o partido] asfixie com a corda de Trump no pescoço», diz o texto.
Mas, mais importante do que aquilo que dizem ser a ignorância de Donald Trump sobre segurança nacional e política externa, estes antigos conselheiros de Administrações do Partido Republicano criticam a sua «falta de temperamento para ser Presidente». A carta, que conta com nomes de 20 antigos dirigentes do partido, ex-congressistas e um antigo senador, Gordon Humphrey, refere: «Na nossa experiência, um Presidente deve estar preparado para ouvir os seus conselheiros e responsáveis de departamento, deve encorajar a discussão de pontos de vista opostos e deve admitir erros e aprender com eles». Os signatários acrescentam ainda que «um Presidente deve ser disciplinado, controlar as emoções e agir apenas depois de refletir e de deliberar com cuidado. Um Presidente deve manter relações cordiais com líderes de países com contextos diferentes e deve conquistar o seu respeito e a sua confiança».
Ainda assim, acreditam que as possibilidades de Trump ser eleito «evaporam-se a cada dia que passa». Isto porque, nos últimos dias, Trump voltou a causar polémica por dizer que o atual Presidente dos EUA, Barack Obama, é «o fundador» do grupo terrorista Estado Islâmico e que «os amantes de armas podem fazer algo» para travar a eleição de Clinton.
Para Donald Trump, uma vitória de Hillary Clinton significa que a candidata poderá nomear juízes mais à esquerda para o Supremo Tribunal – e, dessa forma, pôr em causa a Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege o direito à posse de armas.
«Se ela puder escolher os seus juízes, não há nada que vocês possam fazer. Mas em relação às pessoas que defendem a Segunda Emenda – talvez possam fazer alguma coisa, não sei», disse o candidato.
Incitar à violência
Para Hillary Clinton estas declarações voltam a provar que o candidato do Partido Republicano não tem condições para chegar à Casa Branca. «Assistimos à última de uma longa linha de comentários fortuitos de Donald Trump que passaram das marcas», afirmou a democrata, que lidera as sondagens para as eleições de novembro. «A sua sugestão casual de que mais países deveriam ter armas nucleares. E agora, o seu fortuito incitamento à violência», declarou.
Trump rapidamente desmentiu que as suas palavras tivessem a carga que lhe atribuíram, esclarecendo que apenas tentou estimular os defensores do direito à posse de armas a não ficarem em casa no dia das eleições. «Os media estão desesperados para desviar as atenções da posição de Clinton contra a Segunda Emenda», reagiu o candidato republicano na sua conta do Twitter.