Já ninguém se lembra. A um dia da grande cerimónia de encerramento dos Jogos do Rio poucos são os que querem voltar (quinze dias) atrás. Até porque – normalmente – olhar para o que não tem remédio é má opção. Mas recuemos até dia 6, um pouco antes até.
O Brasil, do samba e da festa, estava envolto em polémica. Desde o vírus zika à ameaça de terrorismo, passando pela crise económico-financeira, sem esquecer os atrasos das obras nos complexos da Aldeia Olímpica. Tudo parecia ‘assombrar’ o maior evento desportivo do ano.
Vários foram os atletas que ameaçaram desistir e quase abdicaram de ser porta-estandarte dos seus países, por temerem a contaminação pelo mosquito. Exemplo disso foram o basquetebolista espanhol Pau Gasol ou o tenista escocês Andy Murray. Usain Bolt, que já fez história nestes Jogos Olímpicos, não pertenceu ao lote dos alarmados e brincou com a situação ainda antes do arranque dos Jogos: «Eu não tenho medo dos mosquitos, eles não me apanham», afirmou o jamaicano. O zika assolava o Brasil e a hipótese de adiamento dos Jogos – cada vez mais colocada em cima da mesa – era rejeitada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Comité Olímpico Internacional (COI).
No segundo dia de Jogos, o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos acabou por descansar os atletas, garantindo que o vírus não constituía uma ameaça para o evento e acrescentou «todas as medidas de proteção em relação aos atletas foram tomadas».
A uma semana do início dos Jogos o caos estava instalado. As primeiras delegações a aterrar no Rio eram sinónimo de reclamações e queixas relativas ao complexo na aldeia olímpica. Deficiências nas canalizações, infiltrações ou problemas nas instalações elétricas mobilizavam centenas de trabalhadores que se debatiam contra o tempo na tentativa de cumprir os prazos, já ultrapassados.
Mas não era só o zika ou as ‘falhas técnicas’ que jogavam a favor do fracasso dos Jogos. A ameaça de terrorismo, que aumentou o clima de tensão a nível mundial com o alvo mais direcionado para países europeus – França em destaque –, também chegou ao outro lado do Atlântico. Depois de várias notícias que deram conta de um brasileiro, militante do Daesh, estar a preparar um ataque terrorista à delegação francesa presente nos Jogos ter sido desmentida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), dias depois era realizada a operação Hashtag, com a Polícia a confirmar a detenção de 10 suspeitos de prática de terrorismo.
Cerimónia de Abertura
O relógio marcava as 00h00 em Lisboa quando começou a festa no estádio do Maracanã. Mais de 5000 voluntários e 200 bailarinos foram chamados a palco para, através de diversas coreografias, recriarem a história do país desde o tempo pré-descobrimentos até aos dias de hoje. A chegada das caravelas portuguesas não foi esquecida e Marcelo foi uma das personalidades que assistiram a uma cerimónia pautada pela escassa presença de chefes de Estado.
Como em qualquer grande festa, o fogo-de-artifício não foi esquecido e ainda houve oportunidade para ver a modelo Gisele Bündchen desfilar ‘A Garota de Ipanema’ de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Arrancava assim o primeiro de quinze dias de Jogos no Rio de Janeiro.
Cerimónia de Encerramento
O evento desportivo conhece o seu fim já amanhã, dia 21. E prevê-se que o fecho seja como a abertura: um autêntico carnaval, bem à moda carioca. A homenagem a Carmen Miranda (1909-1955), conhecidas pelas marchas carnavalescas, fica a cargo de Roberta de Sá e Lenine vai cantar para os voluntários que marcaram a edição de Jogos Olímpicos. O fim destes Jogos marca também a passagem do testemunho a Tóquio, onde se vão realizar as Olimpíadas em 2020. Tal como aconteceu com o Rio em Londres 2012, a cidade de Tóquio fará uma apresentação de oito minutos.
Temer faz balanço positivo
O Presidente interino do Brasil afirmou esta quinta feira que o Brasil vai alcançar «reconhecimento mundial» pela capacidade de organização e estruturação demonstrada nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio 2016. «O que nós assistimos desde o momento da abertura das Olimpíadas, naquele espetáculo maravilhoso, foi uma tranquilidade absoluta no Rio de Janeiro. Ainda há pouco comentávamos o número imenso de turistas que andam tranquilamente pelas ruas do Rio de Janeiro e participam ativamente de todos os jogos», concluiu.