Mo Farah. O homem dos 5 e 10 mil metros
Se vai apostar e Mo Farah está em prova o melhor é depositar tudo neste atleta. Nasceu na Somália, mas é inglês de coração e no sábado passado fez história nos Jogos do Brasil. O britânico – de 33 anos – venceu os 5000 metros de atletismo com uma marca de 13.03.30 e é já um nome obrigatório de fixar no atletismo.
O feito aconteceu uma semana depois de o atleta ter vencido a prova de longa distância dos 10 000 metros.
A vitória levou-o a atingir a ‘dupla dupla’ ao juntar os títulos dos 10 000 e 5000 metros, tal como aconteceu nos Jogos de Londres, em 2012.
Foram precisos 40 anos para um atleta igualar o feito do finlandês Lasse Viren – o único atleta até então a conquistar consecutivamente o bicampeonato olímpico nos 5000 e 10 000 metros – na altura nas Olimpíadas de Munique (1972) e Montreal (1976). Viren um nome que nunca será esquecido em Portugal por ter ganho a Carlos Lopes de maneira fraudulenta.
A marca expressiva de Mo Farah coloca-o entre os atletas mais respeitados do atletismo a nível mundial e para alguns dos nomes mais conhecidos na história do desporto, Farah só fica mesmo atrás de… Bolt.
Javier Sotomayor, atleta cubano e dono de duas medalhas olímpicas no salto em altura, vê o corredor de longa distância como o segundo maior nome da atualidade no atletismo. Em entrevista ao “É Campeão!”, Sotomayor afirmou que Mo Farah “é um dos atletas mais respeitados pelas suas conquistas”.
Para o desportista cubano “quando alguém tem essa longevidade vencendo, existe muito respeito”, recordando a vitória de Farah nos Jogos de Londres2012.
Sotomayor recorreu aos mais altos nomes do atletismo para falar do atleta britânico.
“Talvez não como o Usain Bolt. Mas no mundo do atletismo não temos mais um Carl Lewis, um Serguei Bubka e um Michael Johnson, mas no meio do atletismo, ele é o mais conhecido depois do Usain Bolt.”, afirmou.
Bolt. O adeus a um atleta de ouro
Para ele não há mais medalhas se não a de ouro. O adeus só podia terminar desta forma para a lenda jamaicana do atletismo.
Nove medalhas de ouro olímpicas e o ‘triplo-triplo’ para o homem mais rápido do mundo.
Do Brasil trouxe as três a que se comprometeu. O atleta jamaicano tornou-se o único na história a ganhar as mesmas provas de atletismo – 100m, 200m e as estafetas de 4x100m – em três edições consecutivas dos Jogos Olímpicos.
As nove medalhas olímpicas juntam-no às glórias do século passado Pavoo Nurmi (na década de 1920) e Carl Lewis (1980/1990), o nadador Mark Spitz (1970) e a ginasta Larissa Latynina (1950/1960).
Um beijo, a bandeira brasileira e uma certeza. É assim que Bolt (a custo) vai saindo do estádio Engenhão, enquanto o povo brasileiro grita pelo seu nome. Uma situação só por si inédita no mundo do atletismo. Não interessa o país, Bolt é de todos nós. Uma lenda nunca pode ficar restringida ao seu país natal. Bolt é jamaicano, mas (quase) todos torcemos – de certa foram – pelo atleta.
“Aí têm, sou o maior”, disse ciente da conquista que acabara de alcançar. A Bolt tudo é permitido. Porque é o maior. E todos sabemos. Pode dizê-lo a todos. Não que fosse preciso, mas porque deve saber bem expressá-lo (em alto e bom som).
Chega ao fim um trajeto inspirador e Bolt despede-se na esperança de ter conseguido colocar a fasquia demasiado alta “para que ninguém consiga repetir o feito”.
“Tudo se tornou realidade. Sou o maior da história”, garantiu.
Michael Phelps. O tubarão das medalhas
Subiu ao pódio 28 vezes em cinco edições dos Jogos Olímpicos. O ‘tubarão de Baltimore’ despede-se nas piscinas com números nunca antes vistos.
O maior medalhista de todos os tempos deixa o Rio com seis medalhas. Cinco de ouro e uma de prata. No total das olimpíadas arrecadou 23 medalhas de ouro.
A ultima prova disputada pelo nadador norte-americano foram os 4×100 metros livres onde ajudou os Estados Unidos – mais uma vez – a subir ao pódio.
Venceu o ouro nas provas dos 4×200 metros masculinos, 200 metros mariposa, estafetas 4×100 metros e ainda 4×100 metros livre. A prata foi conquistada em mariposa.
Uma edição brilhante de Phelps depois de um ano conturbado onde passou uma noite na cadeia, por condução sob o efeito de álcool, e admitiu ter estado perto do suicídio.
Depois de Londres2012 confessou que o desporto já não lhe dava prazer e a única razão que o fazia continuar era o medo de deixar as águas – que deram (tanto) sentido à sua vida.
Phelps que já se encontra em casa, nos Estados Unidos, confessou as saudades que já sente do Rio e da hospitalidade do povo brasileiro.
“Por melhor que seja estar em casa, já sinto saudades da beleza do Rio e da amabilidade das pessoas. Obrigada Rio por hospedar os Jogos e nos fazer sentir tão bem vindos!!”, escreveu na sua página de Instagram.
Uma despedida grandiosa de Phels da competição.
Simone Biles. A lembrar Comaneci
Com apenas 1.45m de altura e 19 anos de idade Biles faz as delícias que qualquer um quer ver na ginástica. No Rio já era esperada uma atleta de ouro, facto que se veio a confirmar nas medalhas arrecadadas pela norte-americana.
Simone Biles encerra a sua participação nos Jogos Olímpicos com quatro medalhas de ouro na prova por equipas, no concurso completo individual, no salto de cavalo e no solo, e só a trave a impediu de fazer o pleno – onde assegurou o bronze.
No Rio ouve espaço para tudo na vida da ‘pequena’ Simone. Para além de ser coroada como uma das rainhas dos Jogos igualando os quatro títulos numa só edição da soviética Larissa Latynina (1956), da checoslovaca Vera Caslavska (1968) e da romena Ecaterina Szabo (1984), ainda houve tempo para conhecer o seu maior ídolo.
Depois de ter confessado no programa de Ellen Degeneres que gostaria de conhecer o ator Zac Efron, Biles foi surpreendida (depois do deslize na trave) pelo galã, na cidade maravilhosa.
Biles despede-se do Rio com todos os sonhos tornados realidade. Como diria Usain Bolt.
Shaunae Miller. Um mergulho de ouro
Uma imagem que marca a história desta edição dos Jogos Olímpicos. Shaunae Miller, velocista das Bahamas, mergulhou (de forma eficaz) na corrida dos 400 metros e acabou por derrotar a favorita ao ouro Allyson Felix.
Miller chegou ao Rio de Janeiro com o melhor tempo de 2016 e com o estatuto de vice-campeã do mundo, no ano passado, atrás de Felix.
A velocista das Bahamas não quis repetir a história – num pódio que ficou composto pelas mesmas atletas dos Mundiais de 2015 – com o bronze a pertencer à jamaicana Shericka Jackson e utilizou uma técnica, no mínimo, surpreendente.
A atleta explicou que não tinha outra opção tal era o cansaço e o peso que sentia nas pernas.
“Parti para a corrida com uma estratégia delineada com os meus treinadores e estava tudo a correr bem mas nos últimos 40 metros as minhas pernas ficaram pesadas. Deixei de sentir, perdi o controlo das pernas e entretanto comecei a cair. Eu via a linha e sabia que só tinha de chegar lá, inclinei-me na sua direção, perdi o equilíbrio e caí em cima da linha. Estou satisfeita por ter chegado à meta e por ter conseguido fazê-lo em primeiro”, contou.
O mergulho valeu-lhe o ouro por apenas sete centésimos de segundo em relação à norte-americana Allyson Felix.