No mês passado, o reembolso do IRS já tinha ultrapassado em 53 milhões de euros o valor que o governo tinha previsto para este ano.
Nas contas iniciais, o executivo esperava que este ano houvesse um acréscimo de 200 milhões de euros de reembolsos em relação a 2015. No entanto, a verdade é que, até julho, esse valor já ia nos 253 milhões de euros. Uma diferença que ainda deverá aumentar mais este mês, uma vez que ainda existem contribuintes à espera de receber o reembolso.
Já no que respeita às contas do próximo ano, a previsão é de que os valores em causa aumentem ainda mais. Principalmente, por causa da redução da sobretaxa, do quociente familiar e do aumento do limite máximo nas despesas de educação e de saúde.
Polémica nos reembolsos deixou governo debaixo de fogo
O governo garantiu que a maioria dos reembolsos do IRS seria feita até ao final do mês de julho. A exceção seria apenas para as “situações mais complexas que exigem um maior cruzamento de dados”. No entanto, no último dia de útil de julho, muitos contribuintes continuavam à espera e as críticas multiplicavam-se.
As queixas por causa dos atrasos levou mesmo as Finanças a emitirem um comunicado, onde informam que até ao dia 28 de julho tinham sido processadas 96% das declarações, o que correspondia a 2,5 milhões de ordens de reembolso.
O comunicado surgia, nesta altura, como forma de responder a todas as críticas públicas e também políticas causadas pelos atrasos nos reembolsos.
Mário Centeno sublinhava então que era igualmente importante o facto de “as ordens de reembolso serem superiores às do período homólogo de 2015 em perto de 58 mil declarações, o que corresponde a um acréscimo de 2,34%”.
“Os dados refletem ordens de reembolso dadas pelos serviços da Autoridade Tributária e Aduaneira, sendo que entre a autorização de reembolso e a creditação na conta bancária do contribuinte decorrem cerca de quatro dias úteis”, explicava ainda o documento.
Uma campanha marcada pelos percalços
Até aqui o maior problema quando chegava a hora de entregar o IRS acontecia quando o sistema bloqueava nos últimos dias do prazo, porque não dava conta do recado. Este ano, os problemas foram outros e alargaram-se a todo o processamento. Houve problemas na entrega e até na validação.
Mesmo depois de ultrapassada a primeira fase de entrega de declarações, na segunda, os problemas continuaram e as queixas multiplicaram-se.
Este ano, o descontentamento foi de tal forma crescente que chegou a ser criada uma página no Facebook, onde os contribuintes que não tinham recebido o reembolso partilhavam as suas situações. Chama-se ‘Encalhados IRS’ e não falta quem garanta que o novo sistema de entrega só trouxe problemas.