1.Para nós, é cada vez mais certo: Pedro Santana Lopes será o candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa. Nós fomos o primeiro a avançar o nome do ex-Primeiro-Ministro como a escolha mais adequada para protagonizar a candidatura do PSD à capital do país há quase dois anos – e a nossa convicção tem-se acentuado dia após dia. Ao contrário do que tem sido dado a entender, julgamos que o PSD está confiante que Santana Lopes avançará – e Santana Lopes está confiante (e quer muito!) que o PSD espere pela sua decisão.
2.Diz-se que o PSD já prepara uma solução alternativa a Santana Lopes, ponderando até o apoio à líder do CDS/PP, Assunção Cristas. Julgamos que tal se trata apenas de uma manobra mediática de pressão objectiva sobre Pedro Santana Lopes para anunciar a sua candidatura o quanto antes. Percebe-se a pressa do PSD /Lisboa: o partido, após o golpe da “geringonça” que lhe tirou o poder, apesar da sua vitória clara nas eleições legislativas de Outubro de 2015, precisa de uma vitória urgente, que lhe possa estimular a auto-estima.
Só uma vitória nas autárquicas – ou, porventura, em termos mais correctos, só uma vitória em Lisboa – permitirá dar um novo elã ao PSD. E Pedro Passos Coelho quer muito ganhar em Lisboa para obter um “balão de oxigénio” que lhe permita conduzir o PSD, com vitalidade, até ao momento da realização de novas eleições legislativas – que o mesmo é dizer, até ao momento em que a “geringonça” implodir. Passos Coelho não quer Assunção Cristas – Passos Coelho só quer mesmo Pedro Santana Lopes. O que não é novo: Passos Coelho já teve a ideia de fazer candidatar Santana Lopes a Belém, tendo mesmo ocorrido um almoço entre os dois, em 2013, sobre esta matéria. Passos Coelho mudou (e muito bem!) de posição, preferindo Marcelo Rebelo de Sousa. Desta feita, no entanto, não há alternativa: Santana Lopes é mesmo a primeira (única?) escolha.
3.Perguntará o nosso muito arguto leitor: mas quererá Santana Lopes protagonizar uma candidatura a Lisboa? A resposta é claríssima: sim, Santana, tem muita vontade de protagonizar um duelo eleitoral. Santana Lopes quer demonstrar que tem capacidade e talento político para derrotar qualquer um, mesmo o “delfim” de António Costa – vingando-se, desta forma, da história, ao refazer a sua derrota contra António Costa em 2009.
Quem conhece bem Santana Lopes sabe que, não obstante o seu trabalho positivo como Provedor da Santa Casa da Misericórdia, este cargo não lhe satisfaz plenamente. Santana precisa de mais – o seu feitio voluntarista e o seu instinto político precisam de conflito, da adrenalina de uma campanha eleitoral, de ter poder político efectivo. Nós sabemos que Santana Lopes ainda quer exercer cargos políticos relevantes em Portugal: quer Lisboa; sonha com Belém; e ainda espreita a oportunidade de voltar a ser líder do PSD (vide as farpas semanais que Pedro Santana Lopes envia a Luís Marques Mendes!).
Uma realidade é certa: o futuro de Santana Lopes (na sua cabeça, no seu coração e no seu espírito) não passa por continuar na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Isso significaria que Santana Lopes teria deixado de ser…Santana Lopes. Ora, ninguém muda aos 60 anos. Santana Lopes quer, para já, Lisboa – e ainda bem para o PSD!
4. Segunda pergunta que o leitor certamente colocará: então, por que razão Santana Lopes tem atrasado o anúncio da sua candidatura? Não é o mesmo Pedro Santana Lopes que, em Maio, anunciou que iria tomar a decisão até Agosto, antes de ir de férias – que agora vem dizer que só faz sentido tomar uma decisão lá mais par ao fim do ano?
Será uma nova contradição de Pedro Santana Lopes? Julgamos que não. São questões diferentes: uma realidade é tomar a uma decisão sobre a candidatura; outra é anunciá-la publicamente. Pedro Santana Lopes já decidiu, antes das suas férias na sua Figueira da Foz, a sua candidatura a Lisboa. Será candidato.
O que falta é apenas o seu anúncio público: esse só será feito mais para o término do ano. E porquê? Por uma razão muito elementar: porque Santana Lopes percebeu que o paradigma das campanhas eleitorais mudou. E mudou desde a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa, em Janeiro – provou-se que é possível alcançar uma vitória tremenda, dispensando os partidos e as “arruadas” habituais, exponenciando-se, ao invés, a notoriedade mediática. Que é possível, em Portugal, apresentar um candidato como se fosse uma “marca”, um “produto”- e centrar as estratégias de marketing na pessoa do candidato. Não no partido político ou no seu passado político anterior.
Portanto, o que quer Santana Lope? Quer uma campanha curta (de pouquíssimos meses), dispensando ao máximo o PSD e reduzindo, ao mínimo, a aparição de Pedro Passos Coelho na campanha – ao mesmo tempo que quer prolongar até ao limite as suas prédicas televisivas na SIC Notícias, as quais lhe têm permitido reconciliar-se junto dos militantes do PSD e dos portugueses em geral.
5. Duas ideias, pois, a reter: Santana Lopes quer mesmo (e muito) ser o candidato do PSD à Câmara Municipal de Lisboa – e já decidiu que irá aceitar o repto do partido, em Agosto.
Santana Lopes vai fazer uma campanha à Marcelo, centrada em si, nos afectos, no calor humano junto dos lisboetas, reduzindo a presença do partido. E muitíssimo curta, até para deixar Fernando Medina “queimar-se” até Outubro de 2017…Santana vai mesmo “coolonizar” Lisboa.