Manifestação anti-Temer em São Paulo acaba em violência

Michel Temer disse na China que os protestos contra o seu governo não reuniam mais do que 40 pessoas. No domingo marcharam milhares na Avenida Paulista. 

Milhares de pessoas – 100 mil, nas contas dos organizadores – marcharam no domingo na Avenida Paulista para protestar a ascensão de Michel Temer à presidência do Brasil, aumentando significativamente o número de pessoas que participaram nos protestos diários realizados ao longo da última semana. A polícia militar não lançou uma estimativa própria para o número de manifestantes.

O protesto arrancou de forma pacífica, mas acabou em tumulto. “Aqui estão 40 pessoas”, lançou um dos organizadores à multidão, satirizando as palavras de sábado do novo presidente brasileiro na China, onde se encontra para o G20, quando ripostou a ideia de os protestos estarem a manchar o início do seu mandato. “As 40 pessoas que quebram carro?”, perguntou.

A violência aconteceu no final do protesto, quando os manifestantes dispersavam. O epicentro ocorreu às portas de uma estação de metro, onde a polícia controlava a entrada para evitar excesso de pessoas na plataforma. O empurra-empurra cresceu e a polícia carregou sobre os manifestantes com bombas de gás lacrimogéneo, atingindo pelo caminho um jornalista da BBC Brasil com um cassetete. O momento ficou registado em vídeo.

De acordo com o jornal “Folha de São Paulo”, a polícia deteve 26 pessoas ainda antes dos protestos, alegando tê-las encontrado com pedras e paus. Quanto à carga policial junto à entrada de metro, o tenente-coronel Henrique Motta, afirma que foi em resposta a agressões dos manifestantes. “Eu não posso dizer que são manifestantes, podia ser alguém que já estava aqui na praça: começaram a jogar pedras e paus”, afirmou.

Os organizadores têm uma perspetiva diferente. “A tropa de choque entrou no meio da manifestação para provocar, depois começaram a jogar bombas e jatos de água. Foi premeditado e é escandaloso que a polícia trate uma manifestação assim”, afirmou Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.