O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) vai entregar na próxima semana um memorando à nova administração do banco liderada por António Domingues que assumiu funções na quarta-feira, garantiu ao SOL, o dirigente sindical, João Lopes. A ideia é alertar para os problemas dos funcionários da instituição financeira em resultado da política que tem sido seguida e que passa por cortes salariais e congelamento de carreiras. «Queremos dar conhecimento dos problemas que existem e ficamos a aguardar que seja agendada uma reunião para que os assuntos sejam discutidos pessoalmente», salienta.
Para já, ainda não há data marcada para este encontro, nem se sabe se vai decorrer nos próximos dias, mas o SOL sabe que a nova administração está a chamar vários diretores e responsáveis de agências no exterior para reuniões.
Outra das preocupações do STEC diz respeito ao plano que deverá ser levado a cabo pela atual administração e que passará por reduzir até três mil trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas, em Portugal e no estrangeiro e o fecho de 300 balcões. «Para já, todas as informações que temos recebido em relação ao futuro do banco chegam-nos de fora. Queremos saber se é exatamente assim que vai acontecer e, caso aconteça, se é para implementar em três anos», diz João Lopes.
Por não saber desses dados oficialmente, o sindicato optou por deixar de fora esses assuntos do memorando.
Trabalhos em mãos
Uma das principais prioridades da equipa de António Domingues – composta por 11 elementos e não por 19 como pretendia o Executivo, é avançar com o plano de reestruturação. A ideia é reduzir até três mil trabalhadores através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas, em Portugal e no estrangeiro. Para isso, o banco estatal vai ter um orçamento que poderá chegar aos 700 milhões de euros. Numa primeira fase, o teto mínimo é de 500 milhões de euros, mas está previsto um reforço que pode atingir os 200 milhões de euros.
A CGD conta atualmente com cerca de 8400 trabalhadores e só no ano passado saíram perto de 450, o que representou uma redução de 5%. Aliás, o banco tinha lançado, em 2015, o programa Horizonte para facilitar as pré-reformas ou as aposentações voluntárias.
A par disso, está também em marcha o plano de redução de balcões. Ao todo deverão ser eliminados 300, mas a sua maioria é fora do país e é umas das exigências de Bruxelas.
Para breve estará também a contratação de uma auditoria independente. O anúncio foi feito pelo próprio ministro das Finanças, em junho e terá como alvo a fiscalização de todas as contas do banco desde 2000.
O governante realçou ainda que esta auditoria é apenas “mais uma peça”, havendo outros processos que estão em curso no âmbito da negociação com a Comissão Europeia, que incluem instrumentos de análise à Caixa.
Ainda esta semana, o social democrata Luís Marques Mendes garantiu que existia «muito boa gente» no PS e no PSD interessada em que não se investigue o que se passou na gestão da Caixa. «Evidentemente que há responsabilidades do chamado bloco central de interesses da gestão da Caixa, sobretudo nos anos entre 2005 e 2010», salientou.
Marques Mendes diz também que há 10, 12 operações que foram «ruinosas, porventura financiamentos que não deviam ter sido concedidos, financiamentos que não foram concedidos com garantias minimamente eficazes, porventura financiamentos concedidos a troco de favores políticos».