Os portugueses estão cada vez mais rendidos aos programas de milhas aéreas associados aos cartões de crédito. E há casos em que é possível viajar totalmente de borla, bastando usar o cartão de crédito que dá milhas. A plataforma de simulação de produtos financeiros ComparaJá.pt fez uma ronda pela oferta que existe no mercado e chegou à conclusão de que “existem ofertas de adesão muito atrativas no mercado, as quais podem mesmo ascender às dezenas de milhares de milhas aéreas no momento de adesão ao produto ou, em alguns casos, ao respetivo programa de bonificação”, revela ao i.
A plataforma chama ainda a atenção para o facto de, numa ótica competitiva, os bancos oferecerem uma variedade de benefícios aos titulares dos cartões de crédito, e, tendo em conta a utilidade de um produto desta natureza em viagens, o facto de atribuírem milhas aéreas consoante a sua utilização é muito valorizado pelos clientes, principalmente os que viajam com frequência.
De acordo com o estudo, a média em Portugal de milhas por euros gastos com cartão de crédito é de 1,5 e a validade mais praticada pelos bancos ronda os três anos. “Se, juntamente com esses dados, se tiver em consideração o facto de para uma viagem de ida e volta para o México serem necessárias 70 mil milhas aéreas e para Itália 20 mil milhas, ambas em classe económica, está constituído o cenário para se fazerem as contas.”
O que calcular? Segundo a plataforma, é possível ir a Itália com 287 euros em pagamentos mensais com cartão. Mas vamos a números. Para isso é necessário ter um cartão de crédito com milhas aéreas standard que ofereça 1,5 milhas por cada euro gasto. Precisaria de gastar, durante a validade das milhas ganhas (três anos), cerca de 10 mil euros. Se dividirmos esse valor por 36 meses, o viajante teria de gastar então os tais 278 euros mensais. Isto significa que precisa de despender todos os anos 3400 euros em compras com o cartão.
No entanto, se optar por um destino mais longo e, como tal, mais caro, também é possível fazer essa troca. Para ir, por exemplo, ao México precisaria de mais do triplo das milhas aéreas em relação a Itália: 70 mil. Para isso teria de ter um gasto médio mensal com o cartão de crédito de aproximadamente 1112 euros.
A possibilidade é vista com bons olhos pelo diretor-geral da plataforma. “Estando Portugal a recuperar de um difícil período económico, no qual os consumidores se viram forçados a otimizar os seus orçamentos, este tipo de programas associados aos cartões de crédito podem mesmo permitir uma poupança considerável aquando do planeamento das férias, e isto sempre numa lógica de consumo consciente”, afirma Sérgio Pereira.
Outros benefícios O responsável lembra igualmente que o consumidor deve ter ainda em conta que as milhas também podem ser trocadas por outros benefícios, como upgrades nos voos (por exemplo, trocar uma passagem de classe económica por uma em primeira classe), ter prioridade no check-in ou acesso aos lounges nos aeroportos, entre outras vantagens.
Mas nem tudo são facilidades. Sérgio Pereira deixa um alerta: “No momento de escolher um produto desta natureza é importante ter em conta outros fatores que não apenas as milhas aéreas ganhas, tais como a anuidade do cartão ou a TAEG. Comparar as ofertas mais competitivas e procurar o produto mais adequado para as suas necessidades só irá beneficiar o consumidor.”
Ainda assim, o responsável lembra que, atualmente, a utilização consciente do cartão de crédito se revela muito vantajosa para o consumidor, representando até, em muitos casos, menos custos com anuidades quando comparado com os cartões de débito.
Mas isso só acontece quando há uma utilização responsável deste tipo de cartões, uma vez que eles implicam, na maioria dos casos, pagar mais juros. “Além disso, um consumidor que tenha o cuidado de não deixar ultrapassar o prazo de liquidação do plafond utilizado para que não lhe sejam cobrados juros estará, na verdade, a criar um bom historial de crédito, um fator determinante caso, no futuro, pretenda contrair um empréstimo para comprar uma habitação ou para lançar o seu próprio negócio”, conclui.