A discórdia entre o FMI e a União Europeia sobre a solução para a dívida grega está a atrasar a recuperação dos helénicos, avisou o primeiro-ministro Alexis Tsipras.
O chefe de governo grego garantiu que está “mais próximo que nunca” de encontrar uma solução para a crise financeira do país. “O que está a atrasar a recuperação da confiança dos mercados é o constante desacordo entre as instituições europeias e o FMI”, avisou ontem Alexis Tsipras durante uma conferência de imprensa em Salónica.
Com isto, o chefe do governo de esquerda considera que “o problema grego é um problema europeu”. E deixa o aviso: “Um país que atravessou um programa de ajustamento tão rigoroso não pode esperar mais e tem o direito a uma solução justa para a dívida.”
Mas apesar destes obstáculos, a Grécia vai apresentar “um plano e objetivos” durante as negociações, que vão decorrer ainda este ano, para avaliar as medidas de ajustamento aplicadas. “Acreditamos que temos aliados na Europa”, disse o chefe do governo de esquerda, referindo-se aos países sul-europeus que, na passada sexta-feira, se encontraram em Atenas para discutir como ultrapassar as políticas de austeridade e como se podem aplicar mais medidas que respondam à crise dos refugiados.
O FMI já fez saber que vai deixar de financiar o resgate financeiro da Grécia – com uma dívida que ultrapassa os 170% do PIB, a maior da Zona Euro – caso as medidas definidas por Bruxelas para cortar a despesa não sejam aplicadas. Em causa está uma nova tranche de financiamento que ronda os 2,8 mil milhões de euros.
É que das 15 reformas desenhadas pela Comissão Europeia, até ao momento, a Grécia aplicou duas, segundo o comissário para os Assuntos Económicos da UE, Pierre Moscovici.
Com a falta de consenso sobre a receita a seguir para que Atenas melhore as suas finanças, os investidores estão indecisos em investir no país.
No entanto, o primeiro-ministro grego diz estar convicto de que a segunda avaliação ao programa de resgate em vigor, que arranca no próximo mês, será concluída com êxito. Para Tsipras, a imagem da Grécia no exterior mudou e é agora “um oásis de estabilidade no meio de uma região instável”. Alexis Tsipras considera ainda que, ao contrário do que defendem os partidos da oposição, o país “não precisa de eleições antecipadas”, mas sim “de estabilidade”.