O PCP e Jerónimo já só falam para a terceira idade?

Jerónimo e o PCP vão continuar a bater na velha tecla da visão soviética do mundo? Já só falam para a terceira idade? 

Pela longuíssima intervenção de Jerónimo de Sousa na festa do Avante! já se percebeu que o PCP, a troco de mais 10 euros nas pensões, mais 35 euros no salário mínimo e outras migalhas – aquilo que a esquerda pomposamente qualifica de ‘devolução dos rendimentos do trabalho’ – vai engolir em seco a austeridade mal disfarçada do OE para 2017. Um OE que irá consagrar a manutenção da enorme carga fiscal (do IMI ao IRS, passando pela sobretaxa da gasolina), o congelamento de vencimentos e progressões, entre outros sapos do mesmo género prontos a deglutir. Foi esta a cama austeritária em que o PCPse quis deitar com o PS e o BE para afastar a direita do poder. Agora não se queixe.

Mas adiante. Na intervenção no Avante!, Jerónimo falou repetidas vezes do «imperialismo norte-americano», dos perigos do «reforço e alargamento da NATO» e do «militarismo da União Europeia e do Japão», sem esquecer a ameaçadora «instalação dos sistemas de mísseis norte-americanos nas fronteiras com a Federação Russa e com a China». Sintomaticamente, nas mais de 5.600 palavras do líder do PCP, não há uma só palavra sobre a barbárie dos  atentados e violências do Daesh, não há uma condenação do terrorismo islâmico que chacina civis inocentes em qualquer cidade do mundo, não há um alerta sobre os perigos do expansionismo do capitalismo chinês, não há qualquer alusão aos delírios totalitários de Maduro na Venezuela ou à demencial dinastia dos sinistros Kim na Coreia do Norte.

Este PCP continua com a cabeça parada nos idos da guerra fria, da gloriosa União Soviética e da maravilhosa «Revolução de Outubro cujo centenário comemoraremos no próximo ano!», como enfatizou, entusiástico e saudosista, Jerónimo. Depois, não se admirem que a juventude e o eleitorado fujam para a esquerda em versão mais leve e descomprometida que é oferecida pelo Bloco.

Os resultados das últimas legislativas já deixaram o PCP com menos 100 mil votos do que o BE. E as presidenciais de janeiro foram ainda mais elucidativas: uns pobres 3,95% para o candidato comunista e 10,12% para a candidata bloquista. Jerónimo e o PCP vão continuar a bater na velha tecla da visão soviética do mundo? Já só falam para a terceira idade?