Man Booker Prize. Premiados, desconhecidos e uma repetente

Já são conhecidos os seis finalistas daquele que é considerado um dos mais importantes prémios literários de língua inglesa. O vencedor será conhecido a 25 de outubro.

“Os seis finalistas refletem a centralidade do romance na cultura moderna – na sua habilidade para defender o que não é convencional, explorar o desconhecido e tocar em temas difíceis”, explicou ontem Amanda Foreman, presidente do júri deste ano do_Man Booker Prize, na conferência de imprensa em que deu a conhecer os finalistas desta edição.

Por difíceis entendam-se temáticas como a raça, a condição feminina, o crime e até a música durante a Revolução_Cultural chinesa, que ocupam o lugar central nas obras dos seis finalistas: Deborah Levy (Reino_Unido) com “Hot Milk”, Graeme Macrae Burnet (Reino_Unido) com “His Bloody Project”, Paul Beaty (EUA) com “The Sellout”, Ottessa Moshfegh (EUA) com_“Eileen”, Madeleine Thien (Canadá) com “Do Not Say_We Have Nothing” e David Szalay (Canadá/ EUA) com “All That Man Is”.

Uma lista, no mínimo, surpreendente e que deixa para trás alguns nomes maiores da literatura em inglês que faziam parte da lista prévia de 13 candidatos – como o prémio Nobel JM Coetzee; a vencedora de um Pulitzer, Elizabeth Strou; e o vencedor de um Costa, AL Kennedy.

Segundo Amanda Foreman, o júri a que preside quis correr riscos ao nível da forma e da linguagem, segundo sublinhou na conferência de imprensa em que apresentou os seis nomes ainda nesta corrida. “O Man Booker Prize sujeita os romances a um nível de escrutínio tal que poucos livros conseguem sobreviver. Foi angustiante e, ao mesmo tempo, emocionante sermos confrontados com o simples poder da escrita durante a releitura da nossa incrível, diversa e desafiadora longlist. Enquanto grupo, estamos entusiasmados por tantos autores terem vontade de correr riscos com a linguagem e a forma” – uma justificação que parece ter sido pensada à medida para o facto de terem sido excluídos os que, à partida, pareciam favoritos, dando primazia a nomes como Ottessa Moshfegh que, com 35 anos, se torna assim a mais jovem escritora a alguma vez integrar a shortlist do Man Booker_Prize. Ou Deborah Levy, que já foi finalista no ano de 2012 com “Swimming_Home”. Ou até o escocês Graeme Macrae Burnet, cujo romance foi publicado por uma editora independente, a Saraband, deixando assim para trás outros gigantes dos livros.

Atribuído anualmente desde 1969, em 2013, o Man Booker Prize anunciou que se expandia a escritores de todas as nacionalidades (e não apenas a autores ingleses ou de países da Commonwealth), desde que sejam editados no_Reino Unido e a obra em questão tenha sido publicada originalmente em inglês.

O vencedor será conhecido a 25 de outubro e receberá um prémio de 50 mil libras (cerca de 60 mil euros). No ano passado, a honra coube ao jamaicano Marlon James, com “A Brief History of Seven Killings”, um livro, ainda não editado em Portugal, sobre a tentativa de assassínio do músico Bob Marley. Já em 2014, o vencedor foi o australiano Eichar Flanagan, com “A Senda Estreita para o Norte Profundo”, editado no nosso país, em maio de 2015, pela Relógio d’Água.