A Moody’s afirmou, através de uma nota publicada esta terça–feira, que o risco de uma nova intervenção financeira em Portugal “é baixo”.
A posição da agência de notação surge depois de Mário Centeno ter afirmado, em entrevista à CNBC, que, neste momento, evitar um segundo resgate financeiro a Portugal é a sua “principal tarefa”. As declarações do ministro das Finanças geraram debate em redor do tema, com dúvidas em relação à confiança do governo relativamente a esta matéria.
Agora, numa nota de Kathrin Muehlbronner, vice-presidente da agência americana, explica–se que “o risco não pode ser totalmente descartado e está refletido no nosso rating”, que considera ainda a dívida portuguesa “especulativa”. No entanto, mantém-se a confiança de que o segundo pacote de ajuda financeira ao país seja “improvável no futuro próximo”.
O otimismo não se fica por aqui, afirmando-se que, “apesar das preocupações na perspetiva orçamental”, deverá ser possível “reduzir o défice para menos de 3%”. Mais do que isso, a análise efetuada destaca a “posição de financiamento do Estado muito confortável, com uma almofada disponível elevada e com necessidades de financiamento limitadas”.
Apesar de tudo, a agência diz que as metas orçamentais negociadas com Bruxelas não deverão ser cumpridas e avisa para o fraco crescimento económico, em que se prevê um crescimento do PIB “entre 1 e 1,5%, na melhor das hipóteses, nos próximos anos”, e para a “trajetória da dívida”, que está “ a exercer pressão negativa sobre a credibilidade em relação ao crédito”.
Na mesma nota aponta-se ainda a frágil situação do setor bancário e a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD): “Portugal voltou a estar no centro das atenções nos últimos meses devido a receios em torno do fraco crescimento económico e a incertezas sobre o custo da recapitalização da CGD.”
Recorde-se que a Moody’s colocou o rating da dívida bancária portuguesa no patamar “lixo”, aí permanecendo desde 2014, sem existirem perspetivas de atualização. No próximo dia 21 de outubro é a vez de a DBRS, única agência a manter Portugal acima do patamar de “lixo”, reavaliar o rating do país.