No fundo, António Costa utilizou a expressão “vão caçar Pokémons!” com o mesmo significado da expressão popular “vão catar piolhos!” ou “vão mas é dar uma volta ao bilhar grande!”. O que, convenhamos, não deixa de ser uma originalidade na política portuguesa – nunca ouvíramos antes alguém mandar catar piolhos ao seu adversário político. E se fosse ao contrário? Se fosse Passos Coelho a mandar “apanhar Pokémons” ou “catar piolhos” a António Costa? Ui, o que seria! Neste momento, meia imprensa já estaria a exigir a demissão de Passos, insinuando que revela tiques “fascizóides” ou “comportamentos sociais desviantes”. Mas, como é António Costa, “mandar catar piolhos” (ainda que os piolhos estejam trasvestidos de Pokémons!) é uma frase que revela grande erudição política – e um faro político apurado! É um génio, António Costa! Que outro político mandaria outro ir “apanhar Pikachus”? Só António Costa! Que génio! Que intelecto! Que classe!
Após o nosso choque inicial, resolvemos ponderar qual a razão de ser desta afirmação – aparentemente, descabida – do nosso Primeiro-Ministro. São duas as justificações:
- António Costa proferiu a dita afirmação em visita a uma Escola Secundária de Lisboa (Liceu Passos Manuel), que ele próprio já havia frequentado. Isto é, António Costa pensa que os estudantes portugueses são todos fanáticos por Pokémons – e quis juntar-se à festa. Pensou, enfim, que fazer uma referência aos Pokémons lhe iria dar uma pitada de modernidade, de estilo, de adesão às novas tecnologias e modernidades. Um estilo popular, à la Marcelo Rebelo de Sousa. Como aqueles alunos, retratados nas séries de comédia norte-americanas, excluídos dos grupos na escola, que sentem vontade de se ajustar a um dos grupos a todo o custo – António Costa quis ser engraçado e mostrar que é muito “cool”. Que é também ele é um dos “bros.” da trupe do Pikachu!;
- António Costa pretendeu ridicularizar Passos Coelho, mostrando total desprezo pelo líder da oposição. Mais: Costa, com esta tirada pokémoniana, quis deliberadamente secundarizar alguém que até já foi Primeiro-Ministro de Portugal – e que, por acaso, ganhou as eleições contra o mesmo António Costa. Ou seja: António Costa nem sequer conseguiu ganhar um acto eleitoral contra aqueles que só sabem caçar Pokémons…Engraçado! António Costa já foi, pois, “pokémonizado” por Passos Coelho. E atenção que – palpita-nos! – António Costa não vai apanhar por todos; vai, isso sim, apanhar de todos. Vai ser objecto da contestação de bloquistas, de comunistas, de sociais-democratas e de democratas-cristãos. E até dos…socialistas! Espere só mais alguns meses…
Por fim, cumpre notar que a admiração de António Costa por Pokémons não nos deve surpreender. Após a pesquisa que efectuámos, concluímos que Costa e Pikachu têm muito em comum: ambos quando estão furiosos, acumulam energia e libertam-na contra os seus adversários. No caso de Pikachu, é por uma cauda amarela e vermelha que compõe o boneco; já no caso de António Costa, é através de um discurso sectário, violento, a roçar a má educação, muito para além da tolerância democrática. Discurso, esse, que visa Passos Coelho – mas também comentadores e jornalistas.
Poderia António Costa ser um Pokémon? Poderia: Costa seria o “poukachu”. Desta forma, aliava a sua admiração pelo Pikachu – à sua inclinação para o “poucachinho”. António Costa criticava António José Seguro por este ser um líder “poucachinho”; António Costa teve um resultado eleitoral ainda mais “poucachinho” que o “poucachinho” de Seguro; António Costa, como Primeiro-Ministro, tem batido o pé à Europa “poucachinho”; António Costa consegue resultados positivos a nível do controlo orçamental, devido, em larga medida, ao trabalho do Governo anterior, o que é manifestamente “poucochinho”. António Costa consegue um acordo com a extrema-esquerda, que o apoio, mas…”poucochinho”. E a economia vai resistindo aos desvarios esquerdistas mas…”poucochinho”.
Por tudo isto, António Costa é o Pokémon-mor da nossa política: é o verdadeiro “poukachu”.