O debate sobre eventuais mexidas no IRS diminuiu de intensidade assim que o BE anunciou um novo imposto para o património avaliado acima de 500 mil euros. A designação ainda não existe, mas sabe-se que deverá funcionar em paralelo com o IMI.
Tanto socialistas como bloquistas defendem que esta medida tem como objetivo «proteger a classe média». O fiscalista Tiago Caiado Guerreiro duvida: «Como acontece sempre, isto vai chegar à classe média. Porque com os impostos é sempre assim. E isso será brutal para a classe média». Alguns dos protagonistas do setor imobiliário vão mais longe e afirmam que os preços dos imóveis vão acabar por aumentar o que, em última análise, vai afetar todos os cidadãos.
Outra das justificações, tal como referiu o PCP, que quer abranger os valores mobiliários, é «a reversão do aumento do IRS que terá de ser compensada». O Jornal de Negócios noticiou que o Governo espera uma receita entre 100 e 200 milhões de euros. Será suficiente para compensar a falta de receita do lado do IRS? «Com a quebra de confiança dos investidores e com a economia estagnada, vão acabar por perder muitos mais», considera Caiado Guerreiro. Lembra, a propósito, o caso de Londres que vive uma crise imobiliária: «E estamos a falar de Londres. Vamos repetir o mesmo erro?».
Isto tudo acontece numa altura em que o imobiliário português, juntamente com o turismo, vive um período de crescimento. A crise londrina acabou mesmo por tornar Lisboa uma espécie de «cidade-refúgio» para os investidores estrangeiros: a capital britânica deixou de ser atrativa e a congénere portuguesa tem servido para que possam continuar a sua atividade. O fiscalista alerta que há o risco de, «além de os proprietários começarem a vender o seu património, o dinheiro ir para fora do país».