A Índia também já é super. Que o digam Postiga e Vingada

Prova milionária arranca a 1 de outubro, com o avançado e o treinador lusos em destaque.

Está à porta – arranca dia 1 de outubro – a terceira edição da Superliga indiana. O nome pode parecer pomposo, tendo em conta que se trata de um campeonato de futebol na Índia – país com poucos pergaminhos na modalidade, é um facto. Existem, porém, alguns motivos que podem fazer desta uma competição com características “super”. Nomes como Diego Forlán, Florent Malouda, John Arne Riise, Eidur Gudjohnsen, Lúcio… ou Hélder Postiga, até agora o único português confirmado, atuam na prova.

A Superliga indiana, convém explicar, é uma competição aparte do panorama futebolístico convencional. Não é reconhecida de forma oficial pela FIFA, nem conta para efeitos continentais, pois já existia – e continuará a existir – um campeonato indiano “normal”, composto por nove equipas que representam, de facto, as cidades das quais são originárias. Já a Superliga é um torneio de dois meses, nascido pela iniciativa de três multinacionais: a IMG, a Reliance Industries e a Star Sports, subsidiária da 21st Century Fox. A ideia original era criar um campeonato que aumentasse para níveis nunca antes vistos a popularidade e mediatização do futebol na Índia, país mais dado a desportos com bastões. Como tal, não se olhou a meios para atrair antigos grandes nomes do futebol mundial – sim, porque às vezes nem o dinheiro chega para levar os grandes craques da atualidade a paragens tão remotas: ir jogar para a Índia significa, desde logo, desaparecer do panorama futebolístico de relevo.

De rajada, criaram-se oito novas equipas de futebol, que na verdade são franquias – o modelo é em tudo semelhante ao da MLS (Liga norte-americana de futebol) ou da NBA (Liga norte-americana de basquetebol). O Atlético de Kolkata, por exemplo, é uma franquia do Atlético de Madrid, e o Pune City da Fiorentina. Cada uma devia ter um número limite de sete estrangeiros, sendo um dos quais um “marquee player”, ou seja, um jogador cujo salário pode ultrapassar o teto imposto aos clubes. Uma estrela, portanto.

 

EX-VEDETAS DITAM SUCESSO Na primeira edição, em 2014, sobressaíram os nomes de Alessandro Del Piero, Robert Pires, David James, Fredrik Ljungberg, David Trezeguet, Luis García, Elano e Joan Capdevilla, que dois anos antes havia “jogado” no Benfica. E, nos bancos, homens do calibre de Zico ou Marco Materazzi. Elano foi a grande figura da prova, com oito golos. Mas também houve portugueses, ainda que já esquecidos do grande público: Edgar Marcelino, André Preto, Dinis e Miguel Herlein.

A primeira experiência foi considerada um sucesso, abrindo portas a novas (ex) vedetas. Chegaram Roberto Carlos e Anelka, que acumularam as funções de jogador com a de treinador, mas também Lúcio, Marchena, Mutu… e os portugueses Simão Sabrosa e Postiga. Além de João Coimbra, Silas e Miguel Garcia. O menos utilizado de todos foi mesmo Postiga, e pelo caso que o caro leitor deve estar a adivinhar: lesões, pois claro. O internacional português até teve uma estreia de sonho, com dois golos, mas teve de sair aos 73 minutos. E… não mais voltou – entretanto, assinou pelo Rio Ave, marcou uns golitos e até já sonhava com uma presença no Europeu que acabou por não acontecer.

Agora, Postiga terá nova oportunidade para maravilhar os indianos, pois foi novamente escolhido pelo Kolkata para seu “marquee player”. Para já, é o único português na prova – a jogar, pois no banco do North East United estará a velha raposa Nelo Vingada, que na época passada orientou o Marítimo. Todos mudaram de treinador da época passada para esta, à exceção do Goa FC, que mantém Zico desde a primeira edição. O ano passado, a lenda do futebol brasileiro levou o conjunto goês à final; este ano, o objetivo é ganhar – mas sem pressão, claro.