“’Isto acontece a uma em cada quatro mulheres grávidas na sua idade’, disse-me a enfermeira. Se 25% das pessoas como eu sofrem abortos, porque é que eu não estava preparada? Porque é que não falamos disto?” Ashley Williams, atriz de séries como “How I Met Your Mother”, partilhou este mês na plataforma “Human Development Project” um relato emocionado sobre a perda do segundo filho às oito semanas de gravidez. Num dia em que pensava que estava tudo bem, uma hemorragia quando estava com o filho mais velho no supermercado veio a revelar o pior. A experiência levou-a a procurar respostas para se ter sentido envergonhada e desfeita com a notícia. Num artigo que visa dar mais apoio a quem passa pela mesma situação, Ashley apela às mulheres para que ajudem a põr fim ao tabu.
Acabar com o sentimento de culpa
Ashley, hoje com 37 anos, conta que ao falar com os amigos mais próximos sobre o que lhe tinha acontecido descobriu que a maioria já teria passado pelo menos uma vez por uma situação idêntica e não estava disposta a falar abertamente sobre isso.
“Por que não? Uma resposta pode ser: porque é que devemos falar? Quase ninguém fala da gravidez até às 12 semanas de gestação pelo receio de perder o bebé ou de decidir interromper a gravidez por um grande número de razões complexas. Qual é a vantagem de contar a pessoas que nunca souberam que estava grávida a notícia deprimente de que já estão está?”, escreve a atriz. Mas Ashley suspeita que há um problema mais profundo. “O meu instinto é que há algo mais doloroso que nos silencia: o medo de, enquanto mulheres, sermos uma fraude.”
Ashle Williams termina com um apelo: “peça a alguém que ajude a carregar os sacos, não porque está fraca, mas porque teve recentemente um aborto e precisa de descanso. Peça ao empregado do bar para reforçar a dose porque não bebeu álcool durante meses e agora já pode. Se perguntar porquê, responda: 'porque já não estou grávida e quero falar sobre isso'”.
“Convido-vos a criar um exército destes 25% de mulheres que possam normalizar o aborto na esfera social. Não está ‘avariada’. Não fez nada de errado. É forte, corajosa e há esperança. Estive ao seu lado na Whole Foods, com sangue nos meus calções. Agora estou bem, sobrevivi. Curada, irei tentar de novo.”
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