O BPI e a Catalunha

Foi amplamente divulgado pela comunicação social a “desblindagem” dos estatutos do BPI, que limitavam os direitos de voto dos acionistas, salvo erro a 20%, pelo que o maior acionista, o La Caixa, apesar de deter 45% do capital do BPI, via os seus votos restringidos aos referidos 20%. E, com o fim da limitação dos…

Há uns bons anos tive uma colega de trabalho e amiga madrilena, que era uma joia de pessoa. Conheci igualmente os pais dela, que eram também encantadores. Todavia, arrisco-me a escrever que eles pertenciam a uma minoria. A maioria dos madrilenos, como pude também comprovar pessoalmente, costuma ser arrogante e imperialista.

Por isso, não estou muito preocupado, nem alinho no coro da “perda de mais um centro de decisão nacional” por o BPI ser comprado pelo La Caixa. Este é um banco totalmente público, mas detido, não pelo Reino de Espanha, mas pela região autónoma da Catalunha. Os catalães, no geral, são pessoas afáveis, amigos de Portugal, de quem dizem que nós temos uma dívida histórica para com eles: foi uma revolta na Catalunha que permitiu a Restauração de 1640 em Portugal. Por isso, os catalães olham-nos com uma pontinha de inveja: enquanto nós conseguimos voltar a ser independentes de Madrid, eles não, embora vontade não lhes falte.

O BPI é um banco bem gerido, como se comprova pelo facto de ter sido o primeiro banco português a reembolsar o empréstimo que lhe foi concedido pela troika. Agora, o que é preciso é que continue a ser gerido a partir de Portugal, apesar de o acionista ter a sede na linda cidade de Barcelona.