EUA. Depois dos protestos, polícia divulga vídeos da morte de Scott

Pressão dos familiares do falecido leva polícia a revelar as imagens, que não são esclarecedoras

A polícia de Charlotte revelou, no sábado, dois vídeos com imagens do momento em que Keith Scott foi abatido por dois agentes de autoridades depois de, alegadamente, ter desobedecido às suas ordens.

A família de Scott pediu insistentemente a divulgação das imagens, defendendo que aquele não estava armado, como constava do relato oficial do Departamento da Polícia de Charlotte e que, em vez de uma arma, tinha apenas um livro.

A morte de Scott, um cidadão negro, originou uma violenta onda de protestos, na semana passada, em Charlotte, contra a atuação abusiva da polícia à comunidade afro-americana. Os manifestantes invadiram as ruas da cidade, vandalizaram carros, lojas e habitações e atiraram pedras às forças de autoridade, obrigando o governador da cidade, Pat McCrory a decretar o estado de emergência na cidade e impor recolher obrigatório. No meio dos protestos de quarta-feira, um manifestante foi baleado, tendo morrido no dia seguinte.

Os vídeos mostram Keith Scott a sair do seu carro e a ser abatido pela polícia, não sendo possível perceber, através das imagens, se o falecido carregava consigo uma arma ou um livro.

O advogado da família, Justin Bamberg, já tinha exigido a publicação das imagens, argumentando que aquelas não mostravam Scott a “aproximar-se agressivamente da polícia”, nem a “levantar as mãos” aos agentes, como diziam as autoridades.

O chefe do Departamento da Polícia de Charlotte-Mecklenburg, Kerr Putney, citado pelo jornal Charlotte Observer, também confessou, na passada semana, que as imagens não lhe concederam uma “evidência visual absoluta e definitiva que possa confirmar” que Scott “estava a apontar uma pistola, mas negou-se a divulgar os vídeos, uma vez que não queria por em causa a investigação, ainda em curso.

Para além da divulgação das imagens, foi realizada uma conferência de imprensa, por parte do Departamento da Polícia, com mais informações sobre o caso. “Houve um outro crime que ele cometeu [possuir marijuana] e que causou o encontro”, revelou Putney, citado pelo jornal norte-americano “The Washington Post” “E depois a arma agravou a situação”, explicou.

Só este ano já morreram mais de 700 pessoas, vítimas da polícia dos EUA.