Um Real Madrid muito tem-te-não-caias tem surpreendido a crítica espanhola e internacional. Nos últimos jogos, depois de uma vitória aflitinha frente ao Sporting para a Liga dos Campeões, assim quase caída do céu nos últimos segundos do encontro, eis que dois empates consecutivos (o último em Las Palmas) o deixam com cada vez menos vantagem sobre a dupla de perseguidores, os habituais Barcelona e Atlético de Madrid. Ainda por cima, não faltou a polémica aquando da substituição de Cristiano por Vasquéz já que o português se mostrou, para utilizar uma expressão bem castelhana, terrívelmente enfadado. Do fado do empate, assinado por Araujo, ao enfado lusitano, e eis que a «Marca» e o «As», os dois diários desportivos de Madrid tratam de dissecar os problemas do conjunto de Zinedine Zidane que, ainda por cima, tem já na terça-feira um apronto de dificuldade máxima em Dortmund, e sabe-se como costumam ser desastrosas as viagens do Real à Alemanha. «Temos jogo na terça-feira», dizia o treinador francês no final do encontro, «era a altura ideal para tirar Ronaldo. Fiquei contente com o que fez em campo, apesar do resultado. Jogou bem, como sempre joga». Já quanto a Cristiano, a imprensa espanhola não entra em paninhos quentes: «O português não está bem, sabe-o e chateia-se com isso. O problema é que a sua cabeça não entende as suas limitações e ele continua a querer ir a todas. Faz-lhe falta o apronto físico que lhe permita desenvolver o seu futebol. Ainda não está em forma, isso é evidente, mas para ele tal coisa não é fácil digerir. Arriscou a chutar à baliza qualquer bola que lhe aparecesse ela frente, mas de forma completamente desacertada», escreve Pablo Polo, na «Marca», numa coluna completamente dedicada ao jogador português e numa página profundamente ilustrada com fotografias de Ronaldo no banco, após a substituição, com cara de poucos amigos. Nada que nos surpreenda pois faz parte do feitio de Cristiano querer jogar todo o tempo do mundo, dando não apenas o litro mas igualmente mais uns quartilhos.
Em Gijón, o Barcelona (sem Messi) contou com o melhor Neymar para vencer por 5-0 no El Molinón; no Vicente Calderón, o Atlético de Madrid bateu o Deportivo da Corunha por 1-0, golo do francês Griezman, o seu quinto nesta temporada. 14, 13, 12: eis como se instalam os três clubes no alto da coluna da classificação, prometendo a repetição dos últimos campeonatos, algo que começa a tornar-se numa espécie de ditadura na qual ainda se ouve o grito de revolta dos «colchoneros» e do seu líder argentino.
O fado e o enfado…
A imprensa espanhola não perdeu tempo a dissecar o desagrado de Cristiano Ronaldo quando este se viu substituído por Zidane