1. Resgate. Portugal na senda de um novo resgate? A Moody’s diz que não é provável. O Financial Times diz que é provável devido à situação da banca. O Ministro diz que está lá para o impedir. Onde ficamos? Não sei, confesso. Mas mais importante é o assunto ser notícia, ser discutido e, portanto, existente no cenário das possibilidades relevantes. O simples fato de ele se falar com insistência significa que ele está mais próximo (pelo menos numa escala de probabilidades).
2. Brexit e o futuro da União. O discurso de Jean Claude Juncker elogiado pela frontalidade pareceu-me uma típica fuga em frente. A BREXIT e as outras tendências centrífugas que se um pouco por toda a parte deviam levar-nos a parar para pensar. Uma das avenidas mais promissoras foi avançada há já algum tempo por David Owen (eu sei: um trânsfuga que acabou apelando à saída no referendo britânico) e recentemente retomada por Gideon Rachmn no FT. No fundo trata-se de distinguir entre uma ‘União’ e uma ‘Comunidade’. A primeira teria como centro a Moeda Única, uma cada fez mais profunda integração política, as ‘quatro liberdades’ e seria marcadamente federalista; a segunda, a ‘Comunidade Europeia’, envolveria essencialmente um mercado único (eventualmente com algumas restrições na circulação de pessoas) e cooperação nas politicas externa e de defesa .
3. Ricos e pobres. Mesmo à distância fico espantado com o radicalismo serôdio da tese professada por Mariana Mortágua. Mais espantado fico ainda por vê-la expressá-la num pódio com o símbolo do Partido Socialista. No fundo Mortágua defende uma economia de Robin dos Bosques: tirar aos ‘ricos’ para dar aos ‘pobres’. Julga ela que a economia é um jogo de soma nula em que os ganhos de uns são perdas dos outros. No fundo pensa como aqueles desesperados sertanejos no Brasil, do movimento dos sem-terra, a quem para acabar com a fome bastaria expropriar as boiadas dos grandes fazendeiros. Resultado: a fome de fato acabou por uns meses, mas nunca ninguém mais criou boiadas. É de fato necessário reduzir as desigualdades sociais em Portugal, repartir o ‘bolo’ de forma mais equitativa. Mas temos de ser inteligentes em como o fazer pois a dimensão do bolo não é independente da forma como ele é repartido.
4. Tatuagens. Há muito tempo que desejava expressar esta opinião, faltava-me coragem. Um artigo no Sunday Times do passado Domingo deu-me força. Como educadores preocupamo-nos com as saídas e o sucesso profissional dos nossos jovens: proporcionamos-lhes uma boa formação, ajustada ao mercado, forte em competências transversais e até os treinamos para as entrevistas de recrutamento. As tatuagens, tão na moda (1 em cada três jovens adultos têm-nas), podem destruir tudo isso. Em algumas profissões não são pura e simplesmente toleradas. A Scotland Yard proíbe os polícias de terem tatuagens visíveis. Muitos restaurantes também o fazem. Mas pense-se na Medicina: será que todos os pacientes se sentirão confortáveis com um médico exibindo um antebraço completamente tatuado? Ou na banca? Ou na consultadoria? Ou no retalho? Ou em qualquer atividade em que o contato público é essencial. Chamem-lhe preconceito! Mas ele existe e vai condicionar o futuro dos nossos filhos. Melhor será que os jovens e os seu pais o levem em conta quando decidem fazer ou autorizar uma tatuagem.