EUA. Congresso anula veto de Obama e aprova lei contra países patrocinadores de terrorismo

Legislação permite que, por exemplo, as famílias das vítimas do 11 de setembro possam processar a Arábia Saudita pelo alegado envolvimento nos ataques

Pela primeira vez, desde que assumiu o cargo, em 2008, o presidente dos EUA viu o parlamento norte-americano ultrapassar um veto seu. Barack Obama tinha rejeitado aprovar uma lei que permitiria que os tribunais federais aceitassem queixas de particulares, contra Estados que tenham patrocinado ataques terroristas contra o país, mas o Congresso anulou a decisão do presidente, na quarta-feira, em defesa dos familiares das vítimas dos ataques de setembro de 2001.

“Ultrapassar um veto presidencial é algo que não encaramos de forma ligeira, mas é importante, neste caso, que as famílias das vítimas do 9/11 possam obter justiça, mesmo que essa busca cause alguns desconfortos diplomáticos”, explicou um dos autores da legislação, o senador democrata Charles Schumer, citado pelo The Washington Post”.

Tal como sugere o senador, a lei permitirá aos parentes das mais de 3 mil pessoas que perderam a vida no dia 11 de setembro de 2001, de processar os países envolvidos nos ataques, nomeadamente, a Arábia Saudita, várias vezes acusada, nos EUA, pelo alegado patrocínio às atividades da Al-Qaeda, a organização terrorista responsável pelos ataques em Nova Iorque e Washington. “Se os sauditas forem culpados, devem ser responsabilizados. Se não tiveram nada a ver com o 9/11, não têm nada a temer”, defendeu Schumer.

O presidente Obama considera que a decisão do Congresso – aprovada na Câmara dos Representantes, com 348 votos a favor e 77 contra, e no Senado, com 97 votos favoráveis contra um único voto de rejeição – foi um “grande erro” e disse estar preocupado com possíveis retaliações de outros governos, contra os cidadãos norte-americanos que vivem no estrangeiro, nomeadamente os militares que se encontram em missão.

“Eu percebo porque aconteceu [a votação no Congresso]. É óbvio que alguns de nós ainda carregam consigo as cicatrizes e o trauma do 11 de setembro”, disse Barack Obama, à CNN. “[Mas] o problema (…) é que se nós eliminarmos esta noção de imunidade soberana, então os nossos homens e mulheres de uniforme, por todo o mundo, podem, potencialmente, começar (…) a ser alvo de leis recíprocas”, lamentou o presidente, antes de partilhar uma opinião, mais sincera, sobre a votação: “Basicamente, foi um voto político”.