Nascida em 1953 na Bulgária, Kristalina Georgieva era, até ontem, vice-presidente da Comissão Europeia liderada por Jean-Claude Juncker. Tal como o luxemburguês, é militante do Partido Popular Europeu, a grande família da direita europeia, da qual Angela Merkel e Passos Coelho, por exemplo, fazem parte.
De forma a aceitar o convite do governo búlgaro, a economista pediu uma licença sem vencimento à Comissão. O chefe de gabinete de Juncker já a havia incentivado publicamente a concorrer a secretária-geral da ONU.
Georgieva é bisneta de um revolucionário fundador da Bulgária e assume-se como patriota. A mãe era lojista e o pai engenheiro de construção civil. Tem uma paixão por música e criou um grupo de dança quando trabalhou no Banco Mundial, depois de deixar de dar aulas.
A política chamou-a e recusou, por exemplo, a pasta das Finanças no governo búlgaro, preferindo manter-se como conselheira. Foi convidada de urgência para comissária europeia em 2010 e, dessa vez, não conseguiu dizer que não. Os pais souberam pela televisão.
Foi comissária para os Assuntos Humanitários com Durão Barroso e ascendeu a vice-presidente da Comissão com Juncker, em 2014. Manteve a tutela humanitária e assumiu o orçamento. Mulher e de Leste, era apontada há meses como favorita para a ONU, apesar de Guterres se ter comprometido com um gabinete com paridade entre homens e mulheres. Duarte Marques, coordenador do PSD para a Europa, preocupa-se com o facto de, agora, o portefólio do Orçamento “ficar meses sem responsável direto”.