A campanha eleitoral para as regionais dos Açores arrancou ontem com más notícias para o PSD. Uma sondagem do “Açoriano Oriental”/Norma Açores prevê uma vitória de 66,9% para o socialista Vasco Cordeiro, podendo o PSD liderado por Duarte Freitas ficar apenas com 20,7% dos votos. Com estes resultados, o PS faz história ao arrecadar a maior maioria absoluta de sempre na região autónoma – o melhor resultado até hoje foi o de Carlos César, com 56,97% dos votos em 2004.
Previsões a que Duarte Freitas não dá importância. “Vou guardar a primeira página deste jornal, como já guardei outros escritos do mesmo jornal no passado, em que dizia que o PS já tinha ganho a Câmara de Ponta Delgada. No final, o PPD/PSD ganhou a câmara municipal com maioria absoluta”, afirmou o presidente do PSD/Açores ao i.
A verdade é que, desde a saída de Mota Amaral, em 1996 – entretanto afastado das listas de deputados pelo círculo dos Açores pelo atual líder -, que os sociais-democratas nunca mais conseguiram regressar ao poder. Já lá vão 20 anos. Ainda assim, Duarte Freitas garante que os açorianos querem “uma mudança” e “não vão dar continuidade” a uma política que resultou em “desemprego e emprego precário” e no aumento das “desigualdades sociais”. “Esperemos pelas eleições. Eles que fiquem com as sondagens e nós estamos ao lado do povo açoriano a combater o que está mal, sempre pela positiva.”
Mas neste arranque de campanha não houve sinais de Passos Coelho nos Açores. “Passos Coelho já participou em diversas ações do PPD/PSD Açores. Agora, a tarefa é nossa e do povo açoriano. Por isso somos um partido autónomo e temos o nosso próprio caminho”, justificou Duarte Freitas.
Geringonça só no Continente Já as líderes do CDS e do Bloco de Esquerda fizeram questão de se deslocar até à região autónoma. E pelas declarações de Catarina Martins percebeu–se que a geringonça que se vive no Continente parece estar longe da realidade açoriana.
“O que tem puxado os Açores para trás é a maioria absoluta do Partido Socialista, um PS que é crescentemente arrogante para com as pessoas, que está minado pelos negócios, pelo amiguismo, pela opacidade, que é incapaz, neste momento, de um projeto de futuro”, disse a líder bloquista este sábado, destacando como objetivo para o próximo dia 16 “formar um grupo parlamentar na Assembleia Legislativa dos Açores”. Recorde-se que nas últimas eleições, em 2012, o BE apenas conseguiu eleger Zuraida Soares.
Também o candidato pela CDU e coordenador regional do PCP adiantou que pretende conseguir um grupo parlamentar do PCP para fazer frente à maioria absoluta do PS. Aníbal Pires defende que esta maioria socialista no parlamento açoriano tem sido um “entrave” ao desenvolvimento da região autónoma. “O futuro dos Açores será melhor sem maiorias absolutas, com a eleição de mais deputados das candidaturas da CDU e arredando a direita e as políticas de direita das decisões sobre o futuro da região”, afirmou o comunista na apresentação da sua candidatura pelo círculo eleitoral de São Miguel, no início de julho.
Estes cenários de ligações entre o PS e outros partidos, no entanto, podem nem sequer se colocar caso as previsões da sondagem “Açoriano Oriental”/Norma Açores se confirmem.
CDS com cara nova em São Miguel Já Artur Lima acredita que o CDS é o partido com “melhores condições” para defrontar o PS. “Só há um partido que pode tirar a maioria absoluta ao PS, e este partido chama-se CDS. Mais nenhum partido está em condições de retirar a maioria ao PS e, por isso, é fundamental eleger deputados do CDS em todas as ilhas”, afirmou o presidente do CDS-PP/Açores e cabeça-de-lista pela ilha Terceira.
A liderança do terceirense, porém, já teve melhores dias. Segundo o “Diário de Notícias”, Artur Pires tem sido alvo de várias críticas por parte da população de S. Miguel, que o acusa de favoritismo em relação à Terceira.
Aliás, os centristas têm uma cara nova como cabeça-de-lista pelo círculo eleitoral de São Miguel. Depois de a candidatura de Nuno Almeida e Sousa ter sido chumbada pela direção regional do partido – algo que gerou um grande mal-estar na comissão política de São Miguel -, foi a própria Assunção Cristas quem desafiou Ana Afonso, uma gestora executiva de 36 anos e inscrita no partido apenas dois meses antes de ser nomeada, a concorrer pela ilha.
“É um sinal de renovação. Acho que é um sinal positivo vermos alguém como a Ana Afonso, que tem a sua vida, que tem o seu trabalho, que tem 36 anos, que não precisa da política para viver – pelo contrário -, mas que com generosidade e disponibilidade aceitou este desafio”, afirmou a presidente do CDS em finais de junho.
Os dados estão lançados para as 13 forças políticas que, no próximo dia 16 de outubro, irão disputar os 57 lugares da Assembleia Legislativa dos Açores.