A comissão de trabalhadores (CT) do Novo Banco vai reunir-se hoje com o presidente da instituição financeira, António Ramalho. Um dos assuntos em cima da mesa é o possível despedimento de mais 500 trabalhadores caso o banco não seja vendido até ao final do ano. A exigência é de Bruxelas, mas o presidente da CT diz desconhecer o plano de reestruturação que está em marcha e pede explicações à administração.
“Até hoje, desconhecemos o plano de reestruturação e parece que nos foi ocultado para nos esconder esta notícia”, critica Rui Geraldes.
A verdade é que, quando em dezembro do ano passado foram estendidas as garantias estatais ao Novo Banco e a data limite para a sua venda foi prolongada para agosto de 2017, a Comissão Europeia impôs novos remédios. Um deles é a necessidade de cortar mais 500 postos de trabalho além das mil saídas já concretizadas no primeiro semestre. Uma redução de empregos caso não haja alienação até ao final do ano, assim como o encerramento de cem balcões.
Mas os cortes não ficam por aqui. A Comissão Europeia exige que o objetivo de corte de despesas passe dos atuais 150 milhões de euros para um valor que pode chegar a 250 milhões de euros.
“São, mais uma vez, os trabalhadores a pagar pelos erros de gestão”, diz Rui Geraldes, acrescentando ainda que, “as obrigações impostas pela Comissão Europeia mostram que não é o governo que manda”.
O Novo Banco está em processo de venda para que o Fundo de Resolução saia do seu capital. Neste momento, há duas soluções em cima da mesa: alienação direta, em que há quatro concorrentes BPI BCP, Loan Star, Centerbridge/Apollo e a alienação em mercado a investidores institucionais. No final de junho, o banco contava com 5885 trabalhadores.
Encerramentos de balcões A verdade é que esta estratégia de redução de trabalhadores e de balcões está a ser seguida por toda a banca nacional. O BPI ainda esta sexta-feira fechou 25 balcões no mercado português.
No entanto, a este número é preciso juntar os 27 balcões que já tinham sido encerrados pela instituição financeira liderada por Fernando Ulrich nos primeiros seis meses do ano. O banco conta agora com pouco mais de 500 unidades unidades de contacto com os clientes, entre balcões e centros de investimento.
A par do fecho dos balcões, a banca também tem reduzido o número de trabalhadores. Até ao final do ano, o BPI prevê dispensar mais 300 trabalhadores, contando atualmente com 5846 funcionários.
O mesmo exemplo é seguido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD). Depois de terem saído perto de 450 trabalhadores no final do ano, sobretudo ao abrigo do programa de reformas antecipada, o plano de reestruturação do banco estatal passará por dispensar cerca de 2500 nos próximos anos.
No final de junho, a CGD tinha 760 agências em Portugal. Já quanto ao número de trabalhadores, os últimos dados disponíveis são de março e indicam 9899 pessoas.
Também o BCP tem apostado nessa estratégia. No primeiro semestre já saíram 57 trabalhadores. O banco tinha, no final de junho, pouco mais de 7400 colaboradores e 646 balcões.
O mesmo acontece com o Santander Totta que, em julho, revelou que prevê a saída de cerca de 150 trabalhadores até início do próximo ano, depois de terem saído cerca de 70 pessoas desde janeiro. Em junho, o banco tinha cerca de 6.700 trabalhadores, incluindo aqueles com que ficou do Banif.
O Montepio não fica atrás e já reduziu em cerca de 350 o número de trabalhadores no primeiro semestre, para cerca de 3500. E os cortes não ficam por aqui. Dos cem balcões que previa encerrar, 89 já foram fechados. E a ideia é manter esta estratégia que está prevista no plano do banco para 2016/2010: o encerramento de mais balcões e a dispensa de mais funcionários.