As exigências da Fosun – que já detém em Portugal a Luz Saúde e a seguradora Fidelidade – para entrar no BCP estão no bom caminho e tudo indica que o negócio pode estar concluída até novembro, precisando antes disso de ter a aprovação por parte do Banco Central Europeu (BCE). O acordo do Ministério das Finanças, com o Fundo de Resolução e com a Comissão Europeia para dilatar o prazo dos empréstimos feitos ao Fundo de Resolução (FR), era uma delas. A Fosun também tinha pedido que fosse esclarecido que o BCP não iria ser chamado a contribuir anualmente – para além do que já contribui – para o fundo.
Um outro pedido dizia respeito ao reagrupamento das ações do banco liderado por Nuno Amado. Também este recebeu luz verde por parte da instituição ao ter sido anunciado que a operação passará a ter efeitos a partir do dia 24 de outubro. A ideia é juntar 75 títulos num só. Os acionistas têm até ao dia 21 para reorganizarem as suas carteiras de forma a terem um número total de ações «que seja múltiplo de 75».
Fusão de acões
A fusão das ações tornou-se possível depois de ter entrado em vigor a alteração do Código do Mercado de Valores Mobiliários aprovada pelo governo no Conselho de Ministros de 22 de setembro. Trata-se de um diploma que permite reagrupar ações, o chamado reverse stock split, fora das operações de redução de capital.
No entanto, o reagrupamento bolsista vai também incluir uma contrapartida de 2,57 cêntimos por título, «a receber pelos acionistas pelas ações que não permitam a atribuição de um número inteiro de ação, valor este correspondente ao preço médio ponderado das ações representativas do capital social do Banco no mercado regulamentado Euronext Lisbon nos seis meses imediatamente anteriores à data da presente deliberação», revela o banco.
Direitos de voto
Ainda sem resposta está aumento do limite do uso de direitos de voto dos atuais 20% para 30% – para isso o banco terá de agendar uma assembleia-geral – e a presença de dois administradores no board, sendo também incluídos na comissão executiva. A proposta da Fosun prevê ainda «a possibilidade de o conselho de administração do BCP cooptar até um total de pelo menos cinco novos membros».
A Fosun quer entrar, numa primeira fase, com 16,7% do capital, o que representará uma injeção de capital na ordem dos 236 milhões de euros. Mas também fez saber que pode chegar aos 30% do capital do banco.
A empresa anunciou que quer expandir a sua atividade noutros mercados e entrar em países como a Polónia, Moçambique, Angola e Suíça. E é aí que entra o interesse no BCP, já que a instituição financeira liderada por Nuno Amado pode vir a ajudar a que essa experiência se concretize mais rapidamente.
Para a Fosun, o banco de Nuno Amado será «uma importante plataforma de serviços financeiros para ajudar o grupo a alargar os seus negócios para a Europa e África», revela. O grupo acredita ainda «que a vertente internacional do BCP pode combinar o crescimento da China com recursos globais». O certo é que a Fosun tem sido um dos grupos financeiros chineses mais ativos em compras no mercado internacional e essas aquisições têm sido sustentadas com recurso a endividamento.