Foi esta realidade que Activia, em parceria com a Marktest e a Oficina da Psicologia, procurou analisar e compreender melhor: como se sentem as mulheres portuguesas em relação ao seu próprio talento? Acreditam no seu potencial? O que precisam para o alcançar? Sentem-se condicionadas por opiniões externas? Pela sua autocrítica? Consideram-se bem-sucedidas? O que as impede de melhorar?
O estudo confirma que o talento feminino é uma evidência na sociedade portuguesa e analisa as barreiras internas e socioculturais, bem como os estereótipos implementados que atuam como obstáculo ao desenvolvimento das mulheres, do seu talento e das suas capacidades, no nosso país.
Sobre a perceção da existência de talento entre as mulheres, 99% das mulheres portuguesas consideram que sentirem-se bem, em sintonia consigo mesmas, é importante para desenvolverem o seu talento. Sendo que 8 em cada 10 mulheres (83%) consideram-se com potencial mas apenas 22% admite que o talento feminino é de facto, reconhecido em Portugal.
Percebe-se também pelos resultados obtidos que o reconhecimento do talento é mais evidente no âmbito familiar, como mãe, sendo, em oposição, o reconhecimento no trabalho das esferas onde o mesmo é menos reconhecido: em média, apenas 8,4% das mulheres admite a sua existência. Porém, quando nos focamos no grupo etário dos 18 aos 34 anos, é este reconhecimento que gera maior motivação na exploração do talento interno.
Segundo Filipa Jardim Silva, psicóloga da Oficina da Psicologia “é nos seus papéis familiares que as mulheres portuguesas se sentem mais realizadas: como mães, cônjuges, filhas, etc. E muito menos como um elemento contributivo na sociedade e como profissionais – ainda que estejamos avançados no século XXI e na equiparação dos géneros. E não pensemos que é um tema de gerações, em que as mais novas se sintam bem nos seus vários papéis, já que é na geração dos 51 a 64 anos que mais mulheres se sentem realizadas como profissionais. Mas quanto a reconhecimento, esta faixa etária sente-se muito pouco reconhecida como cônjuge, profissional, amiga e elemento da sua comunidade”.
Entre os obstáculos de desenvolvimento do talento entre as mulheres, destaca-se a discriminação e os preconceitos implementados culturalmente na sociedade, em relação às mulheres (69,4%), o menor número de oportunidades (58,5%) e os critérios de sucesso maioritariamente masculinos (56,2%). Mesmo assim, 91% concorda que todas as mulheres podem melhorar as suas competências, despoletando o seu talento, se investirem esforços para isso. 78% referem estar a desenvolver esforços para fomentar o seu talento/ aptidões, nomeadamente no âmbito profissional (33%).
“A grande maioria das mulheres portuguesas reconhece em si, e nas mulheres em geral, talento e potencial, mas não acha que o talento das mulheres seja reconhecido em Portugal. Para a maioria das inquiridas, as mulheres são maioritariamente valorizadas como mães e fica para trás toda a riqueza dos seus outros múltiplos papéis”, refere Filipa Jardim Silva. “A grande maioria das mulheres inclui nas suas maiores aptidões/talentos aspetos da sua personalidade e aspetos do âmbito emocional (como a tolerância, empatia, etc.) e da esfera intelectual. Um pouco mais para trás ficam as aptidões relacionais e as profissionais. Talvez por sentirem que este também é o aspeto menos valorizado em si pela sociedade”, acrescenta.
Quatro em cada 10 mulheres não atingiu um grau de satisfação consigo mesma nos últimos 6 meses. Sendo de notar que, praticamente todas as mulheres portuguesas (99%) referem que estar em sintonia consigo mesmas facilita o desenvolvimento do seu talento. Com esta sensação, 86% diz-nos que quer concretizar os planos que idealizaram, e mobilizam esforços nesse sentido, tendendo a sentir-se em paz consigo próprias (59,8%), com maior energia e determinação pessoal (43,1%) e capazes de pôr o melhor de si em tudo o que fazem (41,8%).
Sobre as influências que atuam sobre o seu estado de sintonia, 38% das inquiridas dizem que o principal motivo é a sua autocrítica, que se manifesta de uma forma negativa, para 23,3% das mulheres, diariamente. 89,5% refere também que sentir-se bem por dentro é fundamental para estarem em sintonia.
O inquérito foi aplicado a uma amostra de 470 inquiridos, composta por mulheres dos 18 aos 64 anos residentes em Portugal Continental, por meio de um questionário online.