O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou ontem o fim das negociações bilaterais com Moscovo sobre a guerra civil na Síria, cumprindo a ameaça lançada há uma semana por John Kerry, que prometeu afastar-se do canal diplomático caso os caças russos e sírios não parassem de bombardear Alepo.
“A paciência que toda a gente tinha com a Rússia terminou”, disse ontem o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmando também que Moscovo perdera a sua credibilidade diplomática depois de “fazer uma série de compromissos sem quaisquer indicações de que os queria cumprir”.
Há muito que americanos e russos parecem próximos de um corte diplomático no tema da guerra civil síria. Os dois países negociaram ao longo de vários meses um acordo de cessar-fogo que desabou ao fim de uma semana. Desde então, o regime anunciou e vai executando uma operação para conquistar Alepo, o centro da oposição armada, matando pelo caminho centenas de civis.
“A Rússia e o regime sírio optaram por uma via militar, que não é consistente com o princípio de cessação de hostilidades, como fica demonstrado pelos intensos ataques contra zonas civis em que são atingidas estruturas críticas como hospitais e impedida a entrada de assistência humanitária”, lê-se no comunicado publicado ontem pelo Departamento de Estado dos EUA. Washington culpa Moscovo pelo bombardeamento de uma coluna humanitária das Nações Unidas que tentava chegar a Alepo no fim da primeira semana de cessar-fogo.
Ontem, aliás, o maior hospital de Alepo foi bombardeado pela terceira vez numa semana. Ativistas dizem que foi usada uma bomba anti-bunker que matou sete pessoas, dois funcionários médicos e cinco operários de manutenção do edifício.