Passos Coelho voltou a reforçar que o governo não tem medidas para o futuro e continua a achar que é uma boa alternativa para os portugueses. “No dia em que achar que estou a mais, não fico cá por ficar”, garantiu o presidente do PSD numa entrevista à SIC Notícias, esta terça-feira.
O líder social-democrata afirmou que o Governo “estar a revelar um falhanço” ao não cumprir aquilo que tinha prometido, nomeadamente o crescimento da economia. “As exportações estão com um comportamento pior, o investimento tem vindo a cair significativamente e o saldo externo está a deteriorar-se”, explicou.
Para Passos Coelho, “aquilo que é importante para a construção do futuro” está a falhar, acrescentando que a única coisa que preocupa o executivo é o controlo das contas públicas. E deixa um aviso: “O Estado pode decidir não gastar, mas não pode decidir não gastar em permanência. Isso não é uma maneira de ter o défice controlado”.
“O Governo está a empurrar com a barriga aquilo que é a atividade normal do Estado”, defende o líder da oposição, realçando que o executivo “vive para a espuma dos dias e não apresenta alternativas”.
Ainda assim, diz esperar que o país atinja as metas orçamentais e não quer ouvir falar de resgates, mas nota que o facto de entidades europeias estarem a falar desta hipóteses é mau sinal. “A possibilidade [de um resgate] ser encarada no exterior é um susto”, acrescenta.
No caso do Orçamento do Estado para 2017, que deverá ser conhecido para a semana, o social-democrata diz que o PSD tem apresentado propostas na Assembleia da República e mostra-se contra as medidas do Governo que levam a um aumento dos impostos indiretos. “Os impostos indiretos são os mais cegos” ao que as pessoas ganham, explicou Passos Coelho, sublinhando que o partido que mais aumentou os impostos indiretos em Portugal foi o PS.
No dia em que faz um ano desde as últimas eleições, o presidente do PSD recorda que foi o seu partido quem ganhou as legislativas e recorda que convidou António Costa para ser seu vice-primeiro-ministro – convite que foi recusado. “Ele disse que tinha uma alternativa melhor e por isso é que nos deitou abaixo. Onde está a solução milagrosa?”, questionou.
Quanto ao Presidente da República, o líder social-democrata considerou que Marcelo Rebelo de Sousa tem “atuado bem” e que está “preocupado em criar um clima de cooperação e de apoio ao Governo”, no âmbito do seu “papel institucional”.
Passos Coelho não se mostrou preocupado com o facto de ainda não ter sido apresentado nenhum candidato do PSD para as autárquicas, sublinhando que ainda falta um ano para as eleições e que o partido está dentro do calendário que estabeleceu. “O trabalho está a ser feito com muita minúcia e proximidade”, explicou.
E garante que não sente que tenha sido desautorizado na escolha de José Eduardo Martins para coordenador do programa autárquico. “Eu não tenho de ser consultado nessa matéria”, afirmou o presidente do PSD, acrescentando que a sua liderança não está em causa.
“A minha preocupação é não defraudar as expectativas dos portugueses que votaram em nós”.