Há várias formas de se gerir um PDC. Esta semana, Pedro Passos Coelho (PPC) teve que lidar com um PDC, uma sigla razoavelmente deselegante para não ser posta num título, nem sequer numa entrada de texto. A Vanessa selecionou 9 maneiras de lidar com um PDC.
Já viste o PDC que a concelhia de Lisboa pregou a Pedro Passos Coelho?, perguntou-me a Vanessa, um destes dias, numa bicha em busca de um cartão Viva Viagem que, como todos os lisboetas sabem, desapareceu das máquinas automáticas, provocando uma interessante animação nas estações de Metro.
– PDC?, perguntei eu, que não percebia o que ela queria dizer e começava a ficar desesperada ao ver que não era tão cedo que conseguia chegar a Alvalade.
A Vanessa sussurrou-me depois, para que o homem que estava atrás de nós na fila não ouvisse, o significado da sigla PDC. A idade tornou-a mais bem educada.
– Par-de-cornos!
– Ui. (exclamei eu. Agora é esta a minha exclamação preferida. As exclamações são como a roupa, têm “moda” e variações).
Tinha de facto sido um bocado mau o PDC que a concelhia de Lisboa pregou ao PPC. O convite a José Eduardo Martins, um histórico anti-passista, para coordenar o programa eleitoral para a Câmara de Lisboa, feito nas costas do líder do partido, era um gigantesco PDC. Era provavelmente a primeira afronta pública a Passos Coelho, clara e cristalina, depois do dia em que ficou à frente nas eleições de 5 de outubro mas, sem formar, ficou como uma espécie de primeiro-ministro sombra, com dificuldades de mudar de casaco e impossibilidade total de tirar o pin. Foi preciso passar um ano para uma estrutura do partido decidir que, como qualquer marido ou mulher desprezados, Passos Coelho haveria de ser o último a saber.
A Vanessa acha que, depois do par-de-cornos, Passos reagiu bem: desvalorizou. É isso que toda a gente com o mínimo de comedimento finge perante um PDC: desvaloriza. É no desvalorizar que está o ganho. Afinal, de que vale valorizar? Ainda ser mais ridicularizado? Nem toda a gente tem o humor british do brigadeiro Andrew Parker-Bowles que, quando já era mais do que pública o namoro entre a sua mulher e o príncipe Carlos disse ser “o cornudo mais famoso de Inglaterra”. E, na realidade, Passos não é sequer o cornudo mais famoso da política portuguesa.
A Vanessa fez uma pequena lista das 10 melhores maneiras de reagir a um PDC.:
1 – Desvalorizar, desvalorizar, desvalorizar. Quem nos pôs o PDC não existe, é uma amiba, uma paramécia, não sabemos o nome dele. A coisa só não funciona quando a pessoa é casada connosco. O Mauro Xavier não é casado com Passos Coelho, portanto está tudo bem.
2 – Fazer como o brigadeiro Parker-Bowles e rir do assunto, tentando retomar a nossa capacidade de sedução, que estará em modo desvalido, através daquele valor sempre em alta na bolsa sentimental que é o sentido de humor.
3 – Fazer uma viagem (esta vale para tudo, mas é particularmente interessante no pós PDC. No caso do PDC político é inútil e até pode ser contraproducente. Quando regressou de uma viagem e viu que Paulo Portas lhe tinha posto um PDC, o agora presidente Marcelo demitiu-se de líder do PSD).
4 – Arranjar outro presidente da concelhia (ou equivalente)
5 – Se a fúria for muito grande e extravasar as formas aceitáveis de estar em sociedade, ir praticar kick boxing (pode ser num sítio onde esteja a cara do Mauro Xavier).
6 – Caminhar, caminhar, caminhar. Faz bem a tudo.
7 – Fazer como um dos cornudos mais famosos da literatura, o senhor Herzog, que escrevia cartas a toda a gente (ter o cuidado de não as enviar, p.f.).
8 – Arranjar um cão (ultimamente, esta alínea está em alta).
9 – Não fazer nada. Tudo passa.