Nobel da Paz. Líder das FARC prefere uma solução pacífica em vez de prémios

Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, foi distinguido pelos seus esforços nas negociações de paz com a guerrilha

O desapontamento criado pelo chumbo, em referendo, no passado fim de semana, do acordo de paz histórico, alcançado pelo governo colombiano e pelos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), não foi determinante para o comité norueguês, na hora de atribuir o Prémio Nobel da Paz ao presidente do país, Juan Manuel Santos, esta sexta-feira. Mas do outro lado da mesa das negociações há quem prefira a paz ao prémio.

Pouco depois de conhecido o nome do vencedor do prestigiado galardão, o líder das FARC, Rodrigo Londoño – mais conhecido pelo seu nome de guerra, Timoshenko – publicou uma mensagem na rede social Twitter, na qual refere que o único prémio que o movimento que lidera aspira é o da “paz com justiça social, para a Colômbia, sem paramilitarismo, sem retaliações e sem mentiras”.

El único premio al que aspiramos es de la #PazConJusticiaSocial para #Colombia sin pamilitarismo, sin retaliaciones ni mentiras #PazALaCalle

— Timoleón Jiménez (@Timochenko_FARC) October 7, 2016

O acordo alcançado em Havana, Cuba, e assinado em Cartagena, na Colômbia, tinha como objetivo pôr fim ao sangrento conflito, com cerca de 52 anos, e do qual resultaram mais de 250 mil mortos e perto de 6 milhões de deslocados. No passado domingo, os colombianos foram chamados a passar a página da guerra e a referendar o acordo. Por uma curta margem: 50,2% disseram não à paz, contra 49,765% que votaram sim.

“O [resultado do] referendo não foi um voto contra a paz”, considerou a porta-voz do comité norueguês, Kaci Kullmann Five, depois de anunciar o nome de Juan Manuel Santos. “Os que votaram não rejeitaram o desejo da paz, mas um acordo específico para a paz”, acrescentou.

O acordo previa que as FARC se transformassem em partido político e que os seus 5765 combatentes se concentrassem em 20 zonas para poderem ser desarmados. Este processo, com a duração de seis meses, seria supervisionado pelas Nações Unidas e previa um plano de reinserção na vida civil desses combatentes.

O comité justificou a entrega do prémio ao presidente da Colômbia pelos seus “esforços decisivos” no sentido de tentar pôr fim à guerra civil no país. Resta saber se a legitimidade política de Santos para fazer a paz, colocada em causa pelo resultado da consulta do passado fim de semana, pode ser restaurada através da atribuição deste prémio.