Mário David, o português desalinhado

O eurodeputado do PSD apoiou Kristalina. Porquê? «Não se deixam cair os amigos», justificou 

Mário David foi o único político português que declarou apoio a outra candidatura. Apesar de ser inequívoco o apoio do PSD ao ex-primeiro-ministro português, há dois anos que Mário David, antigo eurodeputado do PSD, trabalhava nos bastidores  para levar a bom porto a candidatura de última hora da búlgara Kristalina Georgieva.

A posição do social-democrata valeu-lhe a acusação de ser antipatriota. «Não deixo cair um amigo», justificou o ex-eurodeputado, garantindo que não aceita «lições de patriotismo de ninguém».

Mário David, num debate na SIC, explicou que é amigo da vice-presidente da Comissão Europeia há sete anos, com quem «manteve uma intensa relação de trabalho no Parlamento Europeu. Pude verificar as suas qualidades de trabalho».

O ex-eurodeputado e ex-assessor de Durão Barroso na Comissão Europeia defendeu que a candidatura da economista búlgara só surgiu à última hora «porque não pôde concorrer quando queria. É uma vítima e não uma oportunista».

O social-democrata queixou-se das reações em Portugal ao facto de ter não ter apoiado a candidatura de António Guterres. «Acusações ignóbeis, que correm nas redes sociais a meu respeito», disse Mário David, afirmando que o embaixador Francisco Seixas da Costa, ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus num governo de Guterres, é «o fomentador dessas acusações». Seixas da Costa respondeu-lhe nas redes sociais: «No que me toca, limitei-me a chamar a atenção para o facto de um militante do PSD, com responsabilidades de representação desse partido em instâncias políticas europeias, estar envolvido na preparação e apoio, nesse mesmo âmbito, de uma candidatura que se opõe àquela que esse mesmo partido afirma defender. Referir um facto incontestável é uma coisa “ignóbil”? A menos que a verdade seja uma coisa ignóbil». O SOL tentou contactar Mário David para obter um comentário, mas o ex-eurodeputado não atendeu os vários telefonemas.