Agir: “Gosto de dizer que o meu tempo é agora”

É inevitável. Quando nos sentamos à frente de Agir, os olhos debruçam-se sobre as histórias que tem marcadas na sua própria pele. As tatuagens, que lhe cobrem quase todo o corpo à vista, os alargadores que lhe abriram as orelhas para lá daquilo que poderia parecer possível, não foram decisões resultantes da revolta, mas antes…

É inevitável. Quando nos sentamos à frente de Agir, os olhos debruçam-se sobre as histórias que tem marcadas na sua própria pele. As tatuagens, que lhe cobrem quase todo o corpo à vista, os alargadores que lhe abriram as orelhas para lá daquilo que poderia parecer possível, não foram decisões resultantes da revolta, mas antes mais uma forma de se exprimir. É que exprimir-se foi sempre uma necessidade para Bernardo Mendonça, o filho da atriz Helena Isabel e do cantor Paulo de Carvalho, que aos 12 anos começou a escrever e gravar música. Depois de os primeiros sucessos, tímidos, nas plataformas online, o álbum “Leva-me a Sério” (2015) catapultou-o para um sucesso em jeito de fenómeno, que reúne fãs que vão da escola primária ao lar da terceira idade. É todo esse público transversal que Agir espera ter na plateia dos concertos no Coliseu do Porto (1 de novembro) e no Coliseu dos Recreios em Lisboa (18 e 19 de novembro, sendo que a primeira data já está esgotada).

 

Chegar tão novo a salas tão pesadas e já ter uma data esgotada…

É uma responsabilidade. Espero que, pelo menos, corresponda às expectativas de quem vai.

Mas foi algo que perseguiu ou que aconteceu agora, por decisão da editora?

Teve a ver comigo. Sem ser presunçoso, mas sou eu que trato da minha vida. Sou bastante metódico, mas é obvio que há coisas que acontecem mais cedo do que pensávamos e outras mais tarde, mas tinha este sonho de ir aos Coliseus. São as mais emblemáticas salas em Portugal.

Tem dado muitos concertos, o que espera encontrar nos Coliseus, sobretudo em termos de público?

Acho que, nos últimos anos, apesar de ter sobretudo um público muito jovem, acabei por me tornar num artista muito transversal. Por isto, nestes espetáculos estou à espera de ter os miúdos mas também os pais. E há momentos para todas as idades, desde coisas mais pesadas, a coisas mais baladeiras.

Hoje em dia, basta ir ao recreio de um escola, até pode ser ainda na primária, para encontrar crianças a cantarem as suas músicas. Como justifica isto?

Nunca esperei ter malta tão jovem a ouvir a minha música. Estava à espera de ter jovens, mas não crianças. E não consigo perceber porquê, nem ao nível da imagem nem ao nível das músicas – tirando um ou dois casos, como é o tema “Tempo é Dinheiro” ou o “Makeup”, que têm acordes que facilmente se tornam em algo mais ‘xalala’. Fora isto não consigo entender porque é que os miúdos vão com a minha cara. Mas aproveito. E fico contente.

Quando está junto desse público jovem, eles fazem muitos comentários sobre as suas tatuagens ou os seus brincos?

Já aconteceu, claro. Mas são mais os casos em que ficam espantados e nem conseguem dizer grande coisa. Ficam só a observar, olham-me de alto a baixo. Mas claro que também já me perguntaram se podiam mexer nas minhas orelhas. São coisas que até acho engraçadas.

E, no espectro oposto, também tem os pais, aqueles mais convencionais, a dizerem coisas do género “ficava tão melhor sem essas tatuagens todas e esses brincos”?

Claro. Mas aquilo que me faz confusão não são nem as crianças nem os mais velhos. O que me faz confusão é quando a geração do meio fica chocada com o meu visual. Malta de 18, 20, 30 anos, ficar chocada com tatuagens? Isso é que me faz confusão.

Essas pessoas dizem alguma coisa ou tem mais a ver com um olhar de julgamento?

Não é que eu me sinta assim tão vitimado, mas acontece. Mas mais do que ao vivo acontece nas redes sociais.

As redes sociais têm esse lado perverso mas, ao mesmo tempo, permitiram que toda uma geração de músicos a que pertence conseguisse ter visibilidade.

Gosto de acreditar que sou um exemplo dessa nova forma de fazer as coisas. Temos de nos saber adaptar. Porque tenho a certeza que, quando tiver 40 ou 50 anos, vai haver um Youtube novo ou outra coisa qualquer e eu tenho de saber adaptar-me. Por isto gosto de dizer que o meu tempo é agora. Penso que um dos problemas das gerações anteriores é justamente estarem sempre a falar “do meu tempo”. Claro que, todos nós, com os anos, já não temos a mesma paciência, mas então temos de ter à nossa volta pessoas que tenham. No meu caso específico, o Youtube foi ‘a’ plataforma durante muito tempo.

Há pessoas que acham que apareceu em 2015, com este álbum “Leva-me a Sério”, mas não é verdade. Há um longo percurso que foi feito quase em exclusivo nas plataformas online, como o Youtube.

Sim. Lá está, sem querer ser presunçoso, estou com 28 anos, mas tenho uma carreira já de 16 anos. É estranho, mas é a verdade. Acho que estas plataformas permitem que qualquer pessoa tenha as mesmas oportunidades. Hoje em dia qualquer pessoa com um computador, um microfone e umas colunas, pode fazer música em casa, sem ter de estar à espera da aprovação de uma editora. Claro que isto significa que aparece muita coisa que é lixo, mas depois também há muita coisa muito boa. Claro que isto acaba por nos obrigar a sermos mais diretores de conteúdos do que músicos. O que a mim não me chateia porque é uma área que me dá gozo. De resto, acredito mesmo que, hoje em dia, talento é só 30%. O resto é trabalho. E uma dose, ainda que pequena, de sorte e azar.

Quando se tem uma plataforma tão democrática significa que o bom e o mau sai com a mesma visibilidade. Isto não pode implicar que muitos dos bons projetos acabem por ficar perdidos entre os maus?

Tudo depende do trabalho acima de tudo. Mais uma vez, há pessoas que têm mais sorte que outras, mas no final o dia, o importante é trabalhar. Claro que também depende do que é que a música representa para cada pessoa. E se for vista como uma profissão, se as pessoas encararem a música como eu encaro, tem de haver também a parte da competição. Saudável, mas competição. Eu quero ter um disco melhor que o do vizinho. E essa competição dá-me gozo. Agora, claro que há muito mais ruído e um excesso de informação, mas cabe a cada um de nós estar atento.

No seu caso a atenção teve também a ver com o ir olhando para o que se passava no mercado e adaptar-se?

Não o vejo como uma adaptação. Comecei a fazer música com 12 anos, estou com 28, é normal que tenha passado por vários estados. Antes, fazia uma música e punha-a no Youtube, não estava a pensar se devia lançar em março ou em dezembro. Isso deu a azo a que já tenha passado por montes de estilos e maneiras de cantar. Mas gosto de lhe chamar crescimento, e não adaptação. 

Portanto nunca houve uma tomada de decisão consciente de que deveria ir por um caminho porque esse caminho lhe abriria os grandes palcos? Há uns anos, aquilo que cantava não tinha o potencial comercial que muitas das suas músicas agora têm.

Acho que tirando o facto de achar que agora a minha música tem mais qualidade, antes fazia um som até muito parecido com o que faço agora só que não chegava a tanta gente, não vendia tanto e por isso não era tão comercial. Mas acho que há uma grande coerência em tudo o que tenho feito. Por muito estranho que possa parecer. Talvez agora esteja mais coeso no que quero, musicalmente falando, porque já me descobri.

Foi um processo de tentativa e erro?

Sem dúvida. E quando, além de tudo, ainda temos, durante anos, de ser os nossos próprios managers, tudo é tentativa e erro. Hoje em dia o que tento é que os erros sejam cada vez menores.

E que não se repitam, é uma espécie de lema seu?

Isso sem dúvida. Sou apologista que podemos bater com a cabeça uma vez, depois podemos bater com o braço ou com a perna, mas com a cabeça outra vez é que não. Mas voltando atrás acho mesmo que há coerência entre aquilo que fazia antes e o que faço agora. Não acho que seja uma coisa assim tão esquizofrénica e diferente. Agora tenho mais visibilidade, mas gosto de acreditar que isso é fruto do trabalho.

Trabalho é uma palavra que usa repetidamente.

Sim. Trabalho muito, embora seja sempre muito difícil distinguir o que é trabalho e o que não é porque faço uma coisa que amo. Mas trabalho muito e trabalho com método, não acredito nas coisas às três pancadas. Gosto de pensar que tenho a minha vida programada com cinco anos de avanço. Claro que há coisas que vão acontecendo antes e outras que demoram mais. Esta chegada agora aos Coliseus é uma coisa que começou a ser preparada há dois anos, pacientemente.

Essa imagem do artista que espera e programa é algo que definitivamente já não é de adolescente, idade muito impaciente.

Continuo a ser impaciente que dói. Esperar custa-me mas já tenho noção que às vezes é preciso para depois avançar. Mas fico a roer-me.

Há pouco referiu que teve de se habituar que as redes sociais deram palco a toda a gente para dizer o que bem apetece. Já teve alguns dissabores?

Claro, deram voz aos idiotas. Já tive vários episódios, mas a maioria agarro-me à barriga a rir porque são mesmo estapafúrdios. Tenho realmente um público muito jovem e acredito que uma grande percentagem dos comentários é de malta que está naquela idade que odeia só por odiar e adora só por adorar. Tenho a certeza que à minha frente não diriam certas coisas. Se calhar algumas dessas pessoas depois estão nos meus concertos a bater palmas. É muito inconsciente.

Mas responde?

Quando era mais novo respondia. Mas só vai gerar mais confusão. Por exemplo, há pessoas que se queixam e dizem que me subiu à cabeça porque não tiro fotos com toda a gente que vai assistir a um concerto meu. Mas isso é impossível. Só que as pessoas agora têm na cabeça que ir ver um concerto é tirar uma foto com o famoso, que por acaso até canta. Parece que pagam o bilhete só para receber o autógrafo ou tirar a foto. Mas a minha profissão é músico e a minha obrigação é dar um bom concerto, o resto faço porque gosto.

Dá a sensação que acha que uma parte do público que assiste aos seus concertos não deve ser levada muito a sério porque só vai lá para as fotos.

Não quero generalizar, mas acho que, de há uns anos para cá, com o exagero de reality shows, os pais deixaram de querer que os filhos vão para a universidade e querem é que sejam famosos, seja a fazer o que for. Há pessoas que vêm para as redes sociais insultarem-me porque não dei um autógrafo ao filho, mas não se preocuparam quando tiveram com o filho encostado às grades sujeito a aleijar-se. Não se preocupam que o filho se possa aleijar, mas preocupam-se que eu não tive tempo para dar um autógrafo? Até acho má educação um pai ensinar um filho a ficar desiludido porque não tem um autógrafo. Isto é criar crianças mimadas. Sei que há pessoas que vão achar que sou um atrasado mental por dizer o que estou a dizer, mas é o que penso. Por exemplo, lembrei-me agora que uma vez, a seguir a um concerto, um senhor apanhou-me a entrar no carro e, porque eu não tinha dado autógrafos a toda a gente, desatou aos berros que eu queria era sair dali a correr para ir beber copos e drogar-me.

Sente que aquilo que lhe é exigido e a forma como o tratam é muito distinta da forma como tratam outros músicos, ditos mais intelectuais, mesmo que sejam da sua geração?

Claro.

E sente essa separação no olhar que existe em relação a projetos como o Noiserv ou os Linda Martini ou o B Fachada e o outro lado, onde está o Agir?

Acho que isso sempre houve. Até na altura do meu pai. Hoje dizem que ele é ‘a’ voz, mas ele não deixa de ser um cantor de música ligeira e para a malta do jazz isso era visto como um nojo. Gosto, e não tenho problemas em assumi-lo, da indústria pop americana, mas o entretenimento é sempre uma coisa menor em Portugal. Não é só na música. Teatro só é teatro se for um drama no Nacional. Mas acho que, quem for sensível, consegue reconhecer se a música é boa ou má, independentemente do gosto pessoal. Agora, eu tenho uns problemas e esses projetos têm outros. Se calhar o facto de serem considerados mais intelectuais coloca-lhes mais pressão. Eu tenho mais liberdade.

Mas não se sente irritado por estar arredado da imprensa mais especializada?

Pois, mas vou ser sincero. Se tivesse uma revista dessas também só lá punha os meus. É muito difícil sermos totalmente imparciais. E, além disto, não percebo a profissão de crítico, porque acho que quem sabe fazer, faz; quem não sabe, critica. Mas nada disto me tira o sono. Claro que, em termos de orgulho, gostava. Mas não é de ser aceite porque estou muito bem comigo e sei as minhas capacidades… E não é presunção, mas sei que se me puserem num estúdio com metade dessas pessoas que dizem que são muito bons…

Senta-se no estúdio todos os dias?

Tenho um home studio, mas o meu estúdio principal é o meu computador. Sou um geek que estou sempre de phones a compor.

E também a ouvir música de outros?

Principalmente desde que aderi ao Spotify, que é um mundo, e me dá acesso a pessoas que não conhecia. Ainda recentemente descobri uma miúda, mais alternativa, de quem fiquei fã, a Surma, de Leiria. Já a desafiei para vir para o estúdio comigo. Agora estou a ouvir coisas menos óbvias. Isto não quer dizer que não saiba o que é o Agir, mas ando a pensar em ter um projeto paralelo, tenho vontade de fazer outras coisas, algo com menos regras, como quando comecei. Quero ter um projeto com um nome que ninguém identifique como meu, e que me leve para longe da minha zona de conforto. Quero sentir-me sem rede e sem filtro. Até já tenho muita música feita para este projeto. Estou sempre insatisfeito e acho que o desejo de ter um novo projeto tem a ver com isto. Sou tão insatisfeito que nem festejo as coisas, porque já estou a pensar no que posso fazer a seguir. Mas estou em busca de mais equilíbrio porque senão corro o risco de não desfrutar nada do que me está a acontecer.

O facto de ser tão ansioso, mas também de ter começado tão novo e de ser filho de duas pessoas tão conhecidas… Tudo isto lhe roubou uma fase da vida?

Sinto o contrário. Acho é que houve uma fase da minha vida em que vivi muito e perdi este outro lado, do trabalho. Por isso, a partir dos 20/21 quis recuperar o tempo perdido.

Está a referir-se ao que chama a fase das “parvoíces”, entre os 12 e os 20 anos, em que foi consumidor de drogas?

Exatamente. Agora, que estou quase nos 30, quero aproveitar e recuperar qualquer coisa que possa ter perdido. Sou muito de 8 ou 80, quando me meto numa coisa, meto mesmo. Quando decido que agora vou trabalhar mais a sério, são 24 horas por dia. E se calhar, daqui a uns tempos quero é ir para retiros sem rede, longe de todos. Estou também a  tentar moldar isso, não é por acaso que se diz que no meio é que está a virtude.

Em relação ao consumo de drogas, há pouco disse que chegou a ter uma pessoa que lhe atirou isso à cara na sequência de uma concerto. Sente que a partir do momento em que assumiu isso mudou o olhar das pessoas sobre si?

Acho que na altura eu não era mediático como sou agora e portanto as pessoas nem perceberam o problema que eu tinha. Só os amigos e a família sabiam. E eu sei aquilo porque passei. Só agora com o “Alta Definição” (SIC) é que as pessoas souberam.

Porque decidiu falar?

Não tenho  problemas em falar sobre as coisas, mas acho que há locais onde faz sentido e outros não. Ali achei que fazia sentido. Não me arrependo de nada, fiz as asneiras que tinha a fazer no momento em que as tinha de fazer.

Em que momento é que se apercebeu que os seus pais eram figuras públicas?

O problema é que não eram só os meus pais… O meu tio era o Joaquim Letria, o meu padrinho era o Carlos do Carmo… Tive uma fase muito inconsciente de achar que o normal era aparecer na televisão e nas revistas. Mas apesar disto acho que a minha maneira de estar não liga muito a isso – e acho que herdei isto dos meus pais. Nunca fui muito iludido e mesmo agora não tenho anda a sensação que isto vai durar para sempre. Tenho os pés muito bem assentes na terra.

Mas há marcas de ter uma mãe sempre na televisão e um pai sempre na estrada, ou não?

O pai na estrada era engraçado porque ainda fiz muita estrada na carrinha com o meu pai. E a minha mãe lembro-me de passar muitas noites com ela no teatro. Não me sinto nada lesado pelos pais que tive. E desde que pude decidir optei por não aparecer mas não por me sentir revoltado. Apenas porque me faz confusão de quem aparece só por ser filho de alguém. 

Quando se apercebeu que queria que o seu caminho passasse pela música?

Não soube logo desde o início que o meu caminho ia passar pela música. Sabia é que ia querer fazer música, logo aos 12 anos essa era a minha paixão. Tanto que faltava às aulas para estar em casa a fazer música. Mas não sabia que seria uma profissão.

O facto de ter vivido um longo período de dependência das drogas atrasou a consciencialização de que a música poderia mesmo ser a sua profissão?

As minhas primeiras músicas que foram para o Youtube nem fui eu que as pus, foram amigos. Mas houve algumas que começaram a bater e comecei a ter convites para ir tocar a discotecas e associações de estudantes. Nessa altura comecei a pensar que podia ser qualquer coisa. Antes ia tocar a qualquer lado, mesmo com as piores condições, porque queria era cantar. Fiz milhões de borlas. Um dos meus managers de agora contratou-me há muitos anos para uma discoteca, o Paradise Garage, que estava ao barrote e a fila ia até à Renault, tudo para verem um miúdo que tinha uma música conhecida. Não ganhei nada mas ele faturou.

Quando saiu da escola foi já pela música?

Quando desisti da escola já foi porque queria fazer música. Tive essa sorte de saber muito cedo o que queria fazer na vida. Sai quando tinha uns 15 anos, nunca cheguei ao 10º ano. Há miúdos que faltam às aulas para jogar à bola, eu faltava para fazer música. Graças a Deus correu bem.

Nunca pôs a hipótese de ir para uma escola de música? Ou a ideia de ler pautas é algo que não lhe agrada?

Agora estou a gostar, até porque estou a produzir o disco do meu pai, com uma orquestra. Faço a pré-produção toda em computador mas depois tenho de passar tudo para pautas e está a dar-me gozo. Mas não sou um craque a ler pautas, tenho umas bases que aprendi sozinho. Mas sim, poderia ter sido uma boa hipótese ir para uma escola de música, mas não aconteceu.

Produzir o disco do seu pai é uma constatação de que já não é o filho do Paulo de Carvalho mas ele é que é o pai do Agir?

Ele agora quando vai dar palestras a escolas é assim que o tratam. (risos) Mas este convite veio ao contrário. Eu agora sou manager do meu pai e propus que ele fizesse este disco e ele acreditou em mim e aceitou.

Dão-se bem a trabalhar juntos?

Nem chega a haver discussão porque eu não sou um pequeno ditador, sou um grande ditador. Obviamente que é meu pai mas se não acreditasse nele não o convidava para vir para a minha agência e não seria manager dele. Mas não sou um ditador desmedido, tenho um sentido de justiça.

E não se imagina a cantar as músicas do seu pai?

Já cantei o “Flor Sem Tempo” e mais tarde ou mais cedo vou fazer um disco com as músicas do meu pai e lixá-las todas. (risos)

O que quer fazer daqui a cinco anos?

Quero começar a pouco e pouco a ir lá para fora. Vou agora para Nova Iorque, no início do ano queria estar um mês ou dois em Los Angeles. Não tenho grandes planos, além de ir para lá e perceber que lá não sou ninguém e tenho de provar tudo outra vez. Sinto que Portugal é o melhor país para viver mas em termos de carreira tem um teto. E eu sinto que ainda tenho muito para fazer mas que me estou a aproximar de um teto, tanto intelectualmente como ao nível de resultados.

O Agir fala com o Bernardo?

Todos os dias. E cada vez mais. E fala com as pessoas que o rodeiam. Durante muito tempo não falei muito.