Mais de 60 deputados portugueses subscreveram uma carta entregue hoje na embaixada do Paquistão em Lisboa pedindo a libertação definitiva de Asia Bibi, uma cristã paquistanesa acusada de blasfémia e condenada à morte.
A carta foi subscrita por deputados à Assembleia da República do PSD, PS, CDS-PP, BE e PCP e por dois antigos parlamentares, os centristas José Ribeiro e Castro e Teresa Anjinho, que formaram, na legislatura passada um grupo pela liberdade religiosa e contra as perseguições aos cristãos.
"Além da salvaguarda da liberdade religiosa inerente a qualquer pessoa, estão em causa também outros direitos humanos fundamentais, que tornam imperativo este nosso apelo, dirigido ao Presidente da República do Paquistão e a todas as autoridades do país", apelam na carta.
Ribeiro e Castro disse ter entregado hoje a carta na embaixada paquistanesa em Lisboa, na véspera do Supremo Tribunal se pronunciar sobre o último recurso pendente.
"Conhecemos as peculiaridades da situação no Paquistão e os esforços dos sectores moderados e humanistas da sociedade paquistanesa. Acreditamos que será feita, finalmente, justiça", lê-se na missiva.
O caso Aasiya Noreen, conhecida como Asia Bibi, "impressiona e mobiliza, de modo recorrente, a opinião internacional e vários movimentos e ativistas humanitários, desde há vários anos", referem.
"É com incredulidade que tem sido seguida a história de uma camponesa, que, enquanto trabalhava no campo em Sheikhupura, ao buscar água para beber a um poço, foi objeto dos fortes protestos de outras mulheres, muçulmanas, porque, por ser cristã, contaminaria o utensílio", afirma-se na carta.
"Pelo simples facto de responder aos protestos confirmando a sua fé cristã, foi alvo de acusação por blasfémia e condenada à morte por enforcamento. É tempo de pôr termo a este absurdo e ao prolongado sofrimento pessoal e familiar de Asia Bibi, uma mulher simples, mãe de cinco filhos", pedem os deputados.
Asia Bibi, mãe de cinco filhos, foi acusada, em 2009, de blasfémia, por ter alegadamente insultado o Profeta Maomé.
Os cristãos, que correspondem a cerca de 1,6% dos 200 milhões de habitantes do país, são muitas vezes discriminados e marginalizados pela maioria muçulmana.