Dispararam sobre dois guardas republicanos, enfiaram um deles na bagageira do carro e terão atirado depois, já em fuga, sobre duas pessoas que apanharam pela frente na estrada nacional 229, que liga Aguiar da Beira (Guarda) a Viseu. Três das vítimas não sobreviveram: o militar Carlos Caetano, de 29 anos, e o casal. O homem morreu no local. A mulher foi levada para o hospital em estado crítico, mas não resistiu aos ferimentos.
Os contornos do tiroteio que ontem levou a polícia a montar uma caça ao homem no centro do país ainda estão por explicar. Os dois militares terão saído para patrulhar a estrada nacional, numa ronda habitual, pelas 3 horas da manhã. Só foram descobertos pelas 7 horas. O ferido estava no local onde terá sido baleado, o que veio a morrer foi encontrado a cerca de cinco quilómetros, junto à povoação de Quinta das Lameiras.
Segundo confirmou o i junto de fonte oficial da GNR, no momento em que a patrulha foi atacada não respondia a qualquer chamada de socorro e os militares não pediram reforços. Apesar de inicialmente se falar de um assalto, fonte oficial nega que tal tenha sucedido. As autoridades admitem que haja pelo menos dois agressores envolvidos.
Tragédia a 1 km de casa Carlos Caetano, o guarda republicano que não sobreviveu aos ferimentos, era natural de Quinta das Lameiras, precisamente a povoação mais próxima do local onde foi encontrado na bagageira do carro-patrulha, usado pelos agressores em fuga. Carlos era solteiro e vivia com os pais, um “bom rapaz” que gostava do que fazia, disseram ao i pessoas de estabelecimentos que o guarda costumava frequentar. “Foi encontrado a um quilómetro de casa.” Já o casal baleado não foi identificado.
O cenário macabro encontrado pela GNR no local desencadeou durante a manhã a perseguição dos suspeitos. Às buscas juntaram-se a Unidade de Intervenção da GNR e a PJ. Ainda assim, o único suspeito identificado, natural de Arouca, conseguiu percorrer quase 80 quilómetros até a uma zona de montanha já no concelho de São Pedro do Sul (Viseu) onde ficam as aldeias de Candal, Póvoa das Leiras e Coelheira.
À fora de fecho desta edição, o cerco ao homem ainda decorria, depois de as autoridades já terem estado perto o suficiente para um guarda republicano ser baleado numa perna. A partir das 17 horas, a polícia começou a pedir à população para permanecer em casa, contou ao i uma moradora em Candal. Quem estava fora e regressou ao final do dia foi identificado, relatou outro residente.
Apesar de não ter sido decretado um recolher obrigatório – o que só é possível quando é declarada uma situação de emergência -, a GNR pediu a todos os residentes para permanecerem em casa durante a noite e trancarem portas e janelas, uma medida de segurança muito pouco habitual.
A chuva que começou a cair ao final do dia levou a GNR temer que o suspeito pudesse tentar procurar abrigo e forçar a entrada em alguma casa, não sendo certo se estaria sozinho e se permaneceria armado. Os moradores relataram que a zona de terreno acidentado ardeu em agosto, mas as buscas decorriam já noite junto à ribeira de Candal, onde existe mais vegetação e algumas ruínas de moinhos onde o suspeito poderia eventualmente esconder-se. Entre os locais havia, porém, a suspeita de que o homem, sendo de Arouca (a 18 quilómetros por estrada), e por isso conhecendo a zona, pudesse seguir o curso do rio que desagua no Paiva e escapar às autoridades.