Com os avanços tecnológicos das últimas décadas, a Base das Lajes perdeu importância, sendo hoje o contingente militar norte-americano aí estacionado inferior a 200 militares. Todavia, os Açores não perderam importância estratégica, e a base continua a ser um importante porta-aviões estacionado no meio do Atlântico Norte, de onde é possível projetar poder quer para a Europa quer para a América do Norte.
António Costa disse também que a base seria aproveitada pelos chineses para fins de pesquisa científica, mas não consta que tenha desmentido que, no futuro, essa vertente científica seja transformada em presença militar.
Costa reafirmou ainda que Portugal é membro da NATO (coligação defensiva, justamente, do Atlântico Norte, que se alicerça no princípio que um ataque militar contra um Estado membro é considerado um ataque contra todos), e é bom que não se esqueça disso. Os Estados Unidos, além de nossos aliados são, como nós, uma potência marítima, em concorrência militar direta com a China, China essa que anda a desenvolver um míssil designado pelos estrategas do Pentágono como “o assassino de porta-aviões”. Ceder a Base das Lajes a uso militar chinês seria encarado pelos outros membros da NATO como pouco menos que uma traição.
Será bom que António Costa não se esqueça quem são os nossos aliados a troco de algumas centenas de postos de trabalho. A China tem investido fortemente na compra de empresas nacionais. Mas, como relembrou, e bem, Marcelo Rebelo de Sousa, esses investimentos costumam ter contrapartidas a longo prazo. E deixar os chineses usarem militarmente a Base das Lajes seria um colossal erro estratégico para Portugal. Esperemos que António Costa tenha isso em mente.