O vídeo divulgado pelo “Washington Post” na passada sexta-feira, no qual se podia ouvir Donald Trump gabar a sua habilidade para fazer o que quisesse com as mulheres, utilizando linguagem obscena foi, naturalmente, um dos temas centrais do segundo debate presidencial de domingo. Quando questionado por Anderson Cooper, um dos moderadores, sobre se já tinha tido comportamentos semelhantes aos que refere na gravação, de 2005, o magnata disse que tudo não passou de “conversa de balneário” e que “não havia ninguém que respeitasse mais as mulheres do que ele”.
Indignadas com a justificação do candidato republicano, várias mulheres resolveram revelar histórias do seu passado, nas quais acusam-no de assédio sexual e comportamento inapropriado.
Numa entrevista ao “New York Times”, publicada na quarta-feira, Jéssica Leeds confessou que “quis esmurrar o ecrã” quando ouviu Trump durante o debate com Hillary Clinton e contou um episódio ocorrido há mais de 30 anos, num avião com destino a Nova Iorque. Leeds viajava em classe económica quando uma hospedeira a convidou a sentar-se num lugar vago, em primeira classe. A empresária, na altura com 38 anos, acedeu ao convite e deu por si acomodada ao lado de um senhor chamado Donald Trump.
Conversavam há cerca de 45 minutos quando o também jovem empresário resolveu começar a tocar-lhe nos seios, sem autorização, e a tentar meter as mãos no meio das pernas de Leeds. “Parecia um polvo, as mãos dele estavam em todo o lado”, contou a mulher, que rapidamente se escapuliu, de volta para o seu lugar em económica.
Uma outra senhora falou com o “New York Times” e revelou que foi vítima de avanços sexuais por parte do candidato presidencial pelo Partido Republicano. Rachel Crooks tinha 22 anos e trabalhava como secretária numa empresa com sede na Trump Tower, em Nova Iorque. Certa manhã de 2005, cruzou-se com Donald Trump, num elevador do edifício e resolveu apresentar-se. Apertaram as mãos, mas o magnata não largou a dela e, pouco depois, começou a beijar Crooks “nas bochechas e na boca”.
“Foi muito inapropriado”, explicou ao jornal norte-americano. “Fiquei tão transtornada por ele ter pensado que eu era de tal forma insignificante que ele podia fazer aquilo”, confessou Rachel Crooks.
Mindy McGillivray e Natasha Stoynoff foram outras duas mulheres que decidiram tornar públicas as suas histórias. A primeira revelou ao “Palm Beach Post” que foi “apalpada” por Trump durante um concerto, em 2003 e Stoynoff, escritora da revista “People” acusou o magnata de a ter encostado contra uma parede e “forçado a sua língua pela garganta [dela] abaixo”, durante uma entrevista, em 2005.
Questionado pelo “The New York Times”, numa entrevista telefónica na terça-feira, antes da publicação do artigo, Donald Trump negou todos os episódios. “Nada disso aconteceu”, contestou o candidato, depois de ter acusado o repórter de ser “um ser humano asqueroso” e de ter prometido “processar o jornal” caso publicassem as entrevistas.
Recorde-se que o “New York Times” já anunciou, publicamente, o seu apoio a Hillary Clinton, nas eleições presidenciais norte-americanas.