Síria. Rússia e EUA vão voltar a falar enquanto Alepo é dizimada

Anúncio de Sergei Lavrov não atenuou os ataques à cidade

Há pouco mais de uma semana, os EUA perderam a paciência com a Rússia e anunciaram o fim das negociações bilaterais com Moscovo sobre a guerra civil na Síria, contribuindo para agudizar, ainda mais, uma relação cada vez mais fragilizada, entre russos e ocidentais.

Poucos dias depois, o chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson, resolveu deitar mais umas achas à fogueira e pediu, em pleno parlamento britânico, manifestações à porta da embaixada russa em Londres.

Numa altura em que alguns jornais britânicos já apontavam para uma escalada impetuosa da tensão entre o Ocidente e a Rússia, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, anunciou, na quarta-feira, contra todas as expetativas, que tinha chegado a acordo com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, para uma nova ronda de negociações sobre a Síria, marcada para o próximo sábado, na Suíça.

Mas para quem esperava que o anúncio resultasse no afrouxar dos ataques aéreos conjuntos, das forças russas e sírias, leais a Bashar al-Assad, nas áreas rebeldes da cidade de Alepo, a verdade é o que os mesmos prosseguem e, segundo relata a Al-Jazeera, com o dobro da intensidade.

“Na última semana o exército sírio disse que iria reduzir os ataques aéros (…) na zona este de Alepo, controlada pelos rebeldes”, conta um repórter daquela estação televisiva. “Houve alguns dias de calma, mas não [foi permitido] um corredor para que os civis evacuassem para outras áreas”, explica o jornalista, informando que os bombardeamentos voltaram em força na terça-feira e mataram quase 150 pessoas.

“Alepo é um cenário de carnificina”, diz a Al-Jazeera.