Assembleia-Geral da ONU rendida a um português

“Ele é uma ótima escolha para conduzir esta organização”, disse Ban Ki-moon

“Tenho a honra de anunciar que António Guterres foi confirmado, por aclamação, secretário-geral para o cargo entre 1 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2021”. Foi assim que o presidente da Assembleia-Geral da ONU, Peter Thomson, confirmou ontem aquilo que já era esperado desde a semana passada, após a recomendação do Conselho de Segurança.

A assistir à cerimónia estava Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, que se deslocou de propósito a Nova Iorque para assistir à coroação do candidato português.

Thomson, que descreveu o dia de hoje como “um dia histórico”, destacou o facto de, pela primeira vez, o processo de seleção do secretário-geral ter sido feito sob os princípios da transparência e da abertura.

Disse ainda que o processo ficou mais “enriquecido pela participação da sociedade civil” e realçou a “vasta experiência” do recém-nomeado. “Dou os parabéns a Guterres por emergir como o eleito num processo tão sério.”

“Ótima escolha”
Ban Ki-moon também deu os parabéns a Guterres – em várias línguas, incluindo o português – recordando que faz hoje dez anos que foi ele próprio eleito secretário-geral.

O atual líder da ONU, cujo mandato termina no próximo dia 31 de dezembro, disse que é há muito um admirador do “espírito de serviço” do português e que valoriza os seus conselhos. Destacou o seu “espírito de cooperação para o bem comum” e sublinhou que Guterres é conhecido pelos Estados-membros, mas é mais conhecido “onde mais importa”, uma vez que trabalhou durante uma década no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Relembrou ainda a sua “experiência política” enquanto primeiro-ministro de Portugal.

“Ele é uma ótima escolha para conduzir esta organização”, acrescentou.

Antes de o recém-eleito secretário-geral começar o seu discurso houve declarações dos cinco grupos regionais: Níger (falou em representação dos Estados africanos), Kuwait (pela Ásia e Pacífico), Geórgia (Europa de Leste), Chile (América Latina e Caraíbas), Reino Unido (Europa Ocidental e outros) e EUA (que falaram como país que acolhe a sede da ONU).

Todos eles destacaram o trabalho de Ban Ki-moon, em particular no que toca ao desenvolvimento sustentável e nas negociações sobre as alterações climáticas, realçaram o facto de o processo ter sido feito de modo transparente e deram os parabéns ao recém-eleito secretário-geral. A cerimónia ficou ainda marcada pela homenagem prestada ao rei da Tailândia, que morreu esta quinta-feira aos 88 anos, através de um minuto de silêncio antes de se iniciar a votação.