A mãe do jovem agredido em Ponte de Sor por dois filhos do embaixador iraquiano em Lisboa diz-se “surpreendida” por o Governo português admitir recorrer à declaração de 'persona non grata' caso não seja levantada a imunidade diplomática.
A mãe de Rúben Cavaco de 16 anos, Vilma Pires, recorda que “é importante não esquecer” que os dois irmãos, filhos do embaixador do Iraque em Portugal, são “autores assumidos da bárbara agressão” e que “já declararam publicamente que pretendem responder” perante a justiça portuguesa.
“Agora o que eu gostaria de saber é se o Governo português se está a preparar para dar o caso como encerrado com a expulsão dos dois jovens do território português”, questiona Vilma Pires.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, admitiu na sexta-feira recorrer à declaração de ‘persona non grata’ caso as autoridades iraquianas não respondam ou rejeitem o pedido de levantamento de imunidade diplomática.
O Governo português informou o Iraque que esperará até ao final da próxima semana pela resposta ao pedido, feito em 25 de agosto, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“Esta declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros português assusta-me porque dá a sensação de que tem conhecimento de que o Governo do Iraque não vai levantar a imunidade diplomática e que apenas pretende agora, em estreita colaboração com o Governo iraquiano, ganhar tempo e preparar a opinião pública para uma saída airosa que não belisque as relações diplomáticas entre os dois países”, lê-se no comunicado assinado por Vilma Pires.
A mãe de Rúben Cavaco considera ainda que a deslocação a Portugal dos dois interlocutores do Governo iraquiano “só podia ter duas justificações, caso de os dois governos estivessem a agir de boa-fé” neste processo.