Os portugueses compraram menos quantidade mas gastaram mais dinheiro nos produtos de grande consumo nos primeiros nove meses do ano. A conclusão é do barómetro Marcas+Consumidores da Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca (Centromarca).
Mas o comportamento dos consumidores está a ser atípica em relação a anos anteriores. “Há sensivelmente um ano as famílias portuguesas davam prioridade à quantidade comprada, hoje a tendência parece ser a de levarem menos produtos para casa, ainda que isso não signifique pagar menos. E tal pode constatar-se pela redução ligeira, por parte dos consumidores, do tamanho da cesta a cada visita ao supermercado”, revela o presidente da Centromarca.
Os bens de grande consumo até setembro registaram um aumento de 2,9% em valor face ao mesmo período do ano passado. Este valor representa a melhor evolução desde 2013. No entanto, o volume decresceu 0,6%, depois das quebras de 1,9% e 1,7% registada nos primeiros nove meses de 2015 e 2014, respetivamente.
De acordo com o barómetro, a categoria de frescos registou uma subida de 1%, enquanto a categoria de produtos para a casa valorizou 1,6%) e foram estes os responsáveis por dar um maior fôlego ao mercado.
Mas as mudanças não ficam por aqui. Além do volume e do valor gastos, também a forma de ir às compras mudou. Nos primeiros nove meses deste ano, a frequência da ida às compras desceu 0,4% para 41 dias (número de dias em que os portugueses fizeram compras para consumo no lar) mas o valor gasto em cada compra subiu 2,8% para 36,95 euros.
Promoções ganham terreno
A escolha de artigos “em saldo” continua a ganhar cada vez mais adeptos no mercado nacional e é essa tendência é visível nas compras realizadas nos primeiros novo meses do ano: 99,8% das famílias compraram, pelo menos, um artigo em promoção e sete em cada 10 idas ao supermercado incluem a compra de um qualquer produto com desconto.
O presidente da Centromarca diz mesmo que “46% das marcas só ganham compradores por via promoções e não conseguem expandir-se”. No entanto, Pedro Pimentel chama a atenção para o facto de as promoções terem sido “de tal forma banalizadas que já não geram tráfego adicional nas lojas e deixaram de ser um fator adicional de clientes”.
Esta procura pelas promoções é reconhecida pelos próprios hipermercados. De acordo com a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), as vendas promocionais nas grandes superfícies passaram de 39,7% no primeiro semestre de 2015 para 44,8% nos primeiros seis meses deste ano e a tendência é para continuarem a crescer.
Segundo a entidade, “o consumidor tornou-se um fã” das promoções, muito assentes nos folhetos e em produtos que fazem parte do chamado “cabaz básico” alimentar, que os hipermercados já não dispensam para atrair os consumidores. Além de serem uma “evidência da dinâmica concorrencial”, as promoções mostram que o fator preço continua a ser decisivo para quem compra.
Resistência à internet
Os portugueses preferem fazer compras nas lojas físicas. Até setembro, as compras online cresceram 23,8% face ao mesmo período do ano passado. Mas ainda assim, representam menos de 1% do volume total.
Deste total, 83% das compras através da internet são feitas por mulheres, maioritariamente de Lisboa, da classe média e alta, e sem filhos ou com crianças pequenas.