Termina hoje o prazo para os acionistas do BCP reagruparem a sua carteira de ações. Nessa operação, serão fundidos 75 títulos num só – de forma a terem um número total de ações que seja múltiplo de 75 – a um preço que ainda não é conhecido, já que dependerá do valor de fecho desta sexta-feira.
O reagrupamento bolsista vai também incluir uma contrapartida de 2,57 cêntimos por título “ a receber pelos acionistas pelas ações que não permitam a atribuição de um número inteiro de ação, valor este correspondente ao preço médio ponderado das ações representativas do capital social do Banco no mercado regulamentado Euronext Lisbon nos seis meses imediatamente anteriores à data da presente deliberação”.
Esta operação, denominada de “reverse stock split”, tem como objetivo aumentar o valor unitário das ações. No entanto, para os investidores, além do valor da ação, pouco muda. Ou seja, o valor dos investimentos em carteira não sofrerá qualquer alteração. Feitas as contas, quem mantiver mil euros aplicados em ações do banco liderado por Nuno Amado continuará a ter o mesmo valor, mas com menos títulos em mãos.
Por regra, esta operação ocorre em casos em que o valor unitário da ação é demasiado baixo, habitualmente de cêntimos, tal como acontece no BCP. Através do “reverse stock split” reduz-se o número de ações, aumentando o valor contabilístico dos títulos.
Exigência da Fosun Esta fusão das ações terá efeitos a partir de 24 de outubro e este era um dos passos importantes para o futuro do banco, já que encerra mais uma das exigências apresentadas pela Fosun – que detém em Portugal a seguradora Fidelidade e o grupo de prestação de cuidados de saúde Luz Saúde – para entrar no capital do BCP.
A operação passou a ser possível com total segurança jurídica após a entrada em vigor, em setembro, da alteração ao Código de Valores Mobiliários aprovada pelo governo em Conselho de Ministros a 22 de Setembro. Este diploma consagra o regime das medidas de “reverse stock split” fora do quadro das operações de reduções de capital.
Recorde-se que a Fosun, quando anunciou o interesse de entrar no capital do BCP, apresentou várias exigências, entre as quais a fusão das ações do banco e o aumento do limite de votos de 20% para 30%. Este último ponto, assim como o aumento do número máximo de administradores de 20 para 25 elementos, vai ser discutido pelos acionistas no próximo dia 9 de novembro.
Para o banco de Nuno Amado, a entrada dos chineses aumenta a estabilidade da estrutura acionista e ajuda a financiar a devolução dos CoCo’s que o banco tem de pagar ao Estado. O BCP ainda tem cerca de 700 milhões de euros para devolver e aguarda autorização para pagar uma tranche de 200 a 250 milhões.
Para o grupo chinês, esta entrada no BCP é “um novo passo no investimento em Portugal” e permite ganhar o controlo do maior banco privado português para acelerar a entrada no mercado europeu e africano.
O banco liderado por Nuno Amado fechou a sessão de ontem a valorizar 4,71% para 0,0178 euros, no dia em que o CaixaBI decidiu suspender a avaliação às ações do banco devido à “elevada incerteza” em torno do futuro da instituição financeira.