De acordo com o que leio no Diário de Notícias, foi hoje aprovada no parlamento uma proposta do CDS-PP para que dois representantes dos reformados e pensionistas tenham assento no Conselho Económico e Social. Esta é uma notícia positiva: os reformados e pensionistas, normalmente idosos, representam uma percentagem cada vez maior da população portuguesa, de tal forma que o seu peso político junto dos partidos políticos tende a aumentar. Até já tivemos o “partido dos reformados” (não me lembro do nome real), que, nos tempos do cavaquismo, conseguiu eleger um deputado para a Assembleia da República. O nome do deputado, se a memória não me falha, era o Sr. Manuel Sérgio.
É pois positivo que aposentados e pensionistas tenham assento no CES, onde terão uma voz para fazer ouvir os seus interesses, e tornarão este organismo mais abrangente da sociedade portuguesa. Assim, e a meu ver, a mais importante omissão na composição do CES passa a ser a ausência de representantes dos desempregados. Estes, por não estarem organizados, mal se fazem ouvir. E, como alguém notou há muito tempo, também não entram nas negociações salariais. Porque, se entrassem, poderia eventualmente acontecer que aceitassem trabalhar por salários mais baixos, o que poria em causa a força das organizações sindicais (e fariam, em contrapartida, a alegria dos empresários). Mas, claro, é preferível estar empregado, mesmo ganhando pouco, do que desempregado.
Como as coisas estão, não há ninguém que os represente e que faça ouvir as suas reivindicações. Não sendo os que mais berram, são frequentemente ignorados, embora frequentemente também sejam os mais necessitados. O seu único poder continua a ser o do voto. Veja-se como no domingo passado o PS renovou a sua maioria absoluta nos Açores, onde o desemprego é mais elevado do que no continente, mas onde os desempregados são chamados a participar em programas temporários de ocupação. O que faz com que, para além de ganharem algum dinheiro (que não será muito), lhes devolve um pouco da dignidade que eles sentem como perdida, embora na realidade não esteja.