A opinião dos outros

Escrevo às 10.40 horas de segunda-feira 24 de outubro. O dia não começou há muito, mas está a correr bem no mercado da dívida pública portuguesa. As taxas de juro da dívida com o prazo de dez anos estão a descer 0,09%, o que parece pouco, mas como os montantes em questão são muito elevados…

A razão desta queda dos juros é uma reação ao relatório da agência de rating canadiana DBRS, a única que coloca Portugal em grau de investimento (e não em “lixo”), o que permite o endividamento baratíssimo dos bancos nacionais junto do Banco Central Europeu. O rating de Portugal na DBRS manteve-se, e a perspetiva manteve-se também, em “estável”, o que quer dizer que, à partida, a próxima mudança de rating não será nem para subir nem para descer.

Li partes do relatório no Público de sábado. De destacar trechos como “O governo minoritário de centro-esquerda continua a demonstrar um compromisso com o cumprimento das regras orçamentais da UE e não se espera que as reformas estruturais europeias sejam revertidas”.

Na mesma edição, o Público entrevistou também Nichola James, a autora do relatório da DBRS. A analista diz a certa altura que “(… preferíamos que houvesse mais medidas de redução da despesa permanentes, porque dessa forma a consolidação orçamental seria mais sustentável. O que nós não queremos ver é o rácio da dívida pública voltar a subir para um valor acima dos 130% do PIB.”

É então um relatório que aponta tanto aspetos positivos como negativos na evolução das nossas finanças públicas, e que indica o caminho que gostaria que venha a ser seguido. O mercado, como eu disse no início, reagiu bem. O que significa que dá o benefício da dúvida à geringonça. O que agora é preciso é que esta, no mínimo, continue a funcionar nos termos em que tem trabalhado até aqui. Porque os mercados dão sempre a sua opinião.